Lei de Lambert–Beer
Referência : Lima, L.S., (2013) Lei de Lambert–Beer, Rev. Ciência Elem., V1(1):047
Autor: Luis Spencer Lima
Editor: Jorge Gonçalves
DOI: [http://doi.org/10.24927/rce2013.047]
A lei de Lambert–Beer (também designada por lei de Lambert–Beer–Bouguer) estabelece uma relação entre a absorvância (também chamada absorbância ou absorvência) de uma solução e a sua concentração, quando atravessada por uma radiação luminosa monocromática colimada (raios luminosos paralelos).
A absorvância (A) corresponde ao simétrico do logaritmo decimal do inverso [ou simétrico do logaritmo] da transmitância (T), que é o quociente entre a potência radiante de saída (após atravessar a amostra em estudo) e a de entrada, respectivamente Po e P. Ou seja, a absorvância é uma medida da “quantidade” de luz que é absorvida pela amostra.
e a lei de Lambert-Beer é traduzida pela seguinte expressão matemática:
Nesta equação (3), c representa a concentração molar da espécie em solução (molm-3, no SI), l a distância percorrida pela radiação através da solução (m, no SI) e ε o coeficiente de absorção molar da espécie em estudo (m2 mol-1, no SI).†
O referido coeficiente é uma medida da capacidade que uma espécie química tem de absorver a radiação, para um determinado comprimento de onda. Na figura 1 é apresentado um esquema do princípio em que se baseia a lei de Lambert–Beer.
Esta lei foi descoberta pela primeira vez em 1729 pelo matemático, geofísico e astrónomo francês Pierre Bouguer (1698-1758). A sua autoria é, contudo, frequentemente atribuída de forma errada ao matemático, físico e astrónomo francês Johann Lambert (1728-1777). No seu trabalho em 1760[1], Lambert citou a descoberta de Bouguer e constatou que a fracção de luz que é absorvida por uma amostra é independente da potência radiante incidente (Po). Este facto é conhecido como lei de Lambert, embora, na realidade, só seja verdadeira se Po for pequeno e se a extensão de outros fenómenos como a dispersão da luz ou reacções fotoquímicas for desprezável. Só 92 anos depois é que a lei foi modificada de forma a incluir a concentração da solução na fórmula de cálculo. Essa modificação foi da autoria do físico e matemático alemão August Beer (1825-1863).
Para a correcta utilização e aplicação da lei de Lambert-Beer, é necessário que estejam reunidos alguns pré-requisitos, nomeadamente:
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As partículas (átomos, moléculas ou iões) presentes em solução devem absorver a luz de forma independente entre si;
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O meio absorvente deve ser homogéneo (solução) e não dispersar a radiação;
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A radiação incidente deve estar colimada (raios paralelos entre si) e deve atravessar a mesma distância durante a qual interage com as partículas existentes em solução;
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A radiação deve ser monocromática, isto é, ser composta por apenas um comprimento de onda seleccionado (normalmente, correspondente ao comprimento de onda para o qual a absorvância da espécie em estudo é máxima);
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O fluxo da radiação incidente não pode induzir processos que impliquem a desestabilização dos átomos, moléculas ou iões, como por exemplo excitação electrónica que dê origem a fenómenos de fluorescência ou fosforescência.
Caso não estejam reunidas estas condições, então verificam-se desvios à referida lei. Normalmente, verificam-se desvios à lei para concentrações mais elevadas, pois alguns processos como, por exemplo, a dispersão da luz, são cada vez mais significativos, pelo que não podem ser ignorados.
†O coeficiente de absorção molar tem m2 mol-1 como unidades SI. No entanto, como a unidade de concentração mais comum é a mol/L (mol dm-3) e a distância percorrida pela radiação através da solução é mais facilmente medida em cm, resulta que a unidade mais comum de ε é mol-1 L cm-1 (= 0,1 m2 mol-1).
Referências
1. Johann Heinrich Lambert biography, consultado em 31/01/2010.
Criada em 06 de Março de 2010
Revista em 17 de Fevereiro de 2011
Aceite pelo editor em 17 de Fevereiro de 2011