Diferenças entre edições de "Ciclo Celular"
(23 edições intermédias de 2 utilizadores não apresentadas) | |||
Linha 1: | Linha 1: | ||
− | <span style="font-size:8pt"><b>Referência : </b | + | <span style="font-size:8pt"><b>Referência : </b> Moreira, C., (2014) Ciclo Celular, ''[http://rce.casadasciencias.org Rev. Ciência Elem.]'', V2(4):249 |
− | <span style="font-size:8pt"><b>Autor</b>: <i>Catarina Moreira</i></span><br> | + | <br> |
− | <span style="font-size:8pt"><b>Editor</b>: <i>José Feijó</i></span> | + | <span style="font-size:8pt"><b>Autor</b>: <i>[[Usuário:Catmor|Catarina Moreira]]</i></span><br> |
− | + | <span style="font-size:8pt"><b>Editor</b>: <i>[http://www.cbmg.umd.edu/faculty/josfeij José Feijó]</i></span><br> | |
− | - | + | <span style="font-size:8pt"><b>DOI</b>: <i>[[http://doi.org/10.24927/rce2014.249 http://doi.org/10.24927/rce2014.249]]</i></span><br> |
+ | <html><a href="https://rce.casadasciencias.org/rceapp/static/docs/artigos/2014-249.pdf" target="_blank"> | ||
+ | <img src="https://rce.casadasciencias.org/static/images/layout/pdf.png" alt="PDF Download"></a></html> | ||
---- | ---- | ||
[[Category:Biologia]] | [[Category:Biologia]] | ||
− | O '''Ciclo celular''' é definido como a sequência de acontecimentos que levam ao o crescimento e a divisão da célula, de forma contínua e repetitiva. Considera-se, assim, que o ciclo celular compreende a mitose e o tempo que decorre entre duas mitoses, a [[interfase]]. | + | O '''Ciclo celular''' é definido como a sequência de acontecimentos que levam ao o crescimento e a divisão da célula, de forma contínua e repetitiva. Considera-se, assim, que o ciclo celular compreende a [[Mitose|mitose]] e o tempo que decorre entre duas mitoses, a [[Interfase|interfase]] (Fig. 1). |
− | + | <center> | |
− | [[Ficheiro: | + | {| |
− | + | | [[Ficheiro:Ciclocelular.png]]<br>'''Figura 1.''' Esquema do ciclo celular || | |
− | Esquema do ciclo celular | + | |} |
I - interfase; M - mitose. | I - interfase; M - mitose. | ||
(A duração da fase mitótica em relação às outras fases encontra-se exagerada.) | (A duração da fase mitótica em relação às outras fases encontra-se exagerada.) | ||
+ | </center> | ||
A interfase é um período relativamente longo quando comparado com a mitose, podendo demorar horas, anos ou até perpetuar-se até à morte da célula, sem que nova divisão ocorra (ex. maioria das células nervosas e musculares). Durante este período ocorre a síntese de diversos constituintes que conduzem ao crescimento e à maturação celulares, para que a célula esteja preparada se ocorrer uma nova divisão. | A interfase é um período relativamente longo quando comparado com a mitose, podendo demorar horas, anos ou até perpetuar-se até à morte da célula, sem que nova divisão ocorra (ex. maioria das células nervosas e musculares). Durante este período ocorre a síntese de diversos constituintes que conduzem ao crescimento e à maturação celulares, para que a célula esteja preparada se ocorrer uma nova divisão. | ||
− | À interfase correspondem três períodos: G1, S e G2 (alguns organismos unicelulares, como a levedura não possuem G2). | + | À '''interfase''' correspondem três períodos: G1, S e G2 (alguns organismos unicelulares, como a levedura não possuem G2). |
− | '''Período G1''': a designação desta etapa deriva de ‘gap’ do inglês intervalo, e decorre imediatamente após a mitose. É um período de intensa actividade bioquímica, no qual a célula cresce em volume e o número de organelos aumenta. Ocorre a síntese de RNA no sentido de a célula sintetizar (fabricar) proteínas, lípidos e glícidos. | + | *'''Período G1''': a designação desta etapa deriva de ‘gap’ do inglês intervalo, e decorre imediatamente após a mitose. É um período de intensa actividade bioquímica, no qual a célula cresce em volume e o número de organelos aumenta. Ocorre a síntese de RNA no sentido de a célula sintetizar (fabricar) proteínas, lípidos e glícidos. |
− | '''Período S''': de síntese do inglês ‘synthesis’ é caracterizado pela [[replicação]] do DNA. Às novas moléculas de DNA associam-se proteínas básicas chamadas histonas, formando-se cromossomas, constituídos por dois cromatídeos ligados pelo centrómero. | + | *'''Período S''': de síntese do inglês ‘synthesis’ é caracterizado pela [[Replicação|replicação]] do DNA. Às novas moléculas de DNA associam-se proteínas básicas chamadas histonas, formando-se cromossomas, constituídos por dois cromatídeos ligados pelo centrómero. |
− | '''Período G2''': síntese de mais proteínas e produção de estruturas membranares que serão utilizadas nas células-filhas resultantes da mitose. | + | *'''Período G2''': síntese de mais proteínas e produção de estruturas membranares que serão utilizadas nas células-filhas resultantes da mitose. |
− | A fase mitótica embora varie em aspectos mínimos de uns organismos para os outros, é basicamente semelhante na maior parte das células eucarióticas. Esta fase em que uma célula se divide em duas células-filhas, podem ser | + | A fase mitótica embora varie em aspectos mínimos de uns organismos para os outros, é basicamente semelhante na maior parte das células eucarióticas. Esta fase em que uma célula se divide em duas células-filhas, podem ser considerada 2 processos consecutivos: a Mitose propriamente dita ou a Cariocinese (divisão do núcleo) e a Citocinese (divisão do citoplasma). |
− | A '''mitose''' pode ser dividida em quatro fases embora seja um processo contínuo: profase, metafase, anafase e telofase (gerando a célebre mnemónica “PRÓximo da META a ANA TELefonou”. Neste processo, associado à divisão de células somáticas, o material genético sintetizado no período S da interfase é dividido igualmente por dois núcleos resultantes. A mitose é regulada por diferentes classes de proteínas, iniciando-se quando uma delas, as ciclinas, atingem determinadas concentração no citoplasma e activa o factor promotor da mitose (MPF) proteico citoplasmático, que inicia a condensação dos cromossomas. | + | A '''mitose''' pode ser dividida em quatro fases embora seja um processo contínuo: profase, metafase, anafase e telofase (gerando a célebre mnemónica “PRÓximo da META a ANA TELefonou”) (Fig. 2). Neste processo, associado à divisão de células somáticas, o material genético sintetizado no período S da interfase é dividido igualmente por dois núcleos resultantes. A mitose é regulada por diferentes classes de proteínas, iniciando-se quando uma delas, as ciclinas, atingem determinadas concentração no citoplasma e activa o factor promotor da mitose (MPF) proteico citoplasmático, que inicia a condensação dos cromossomas. |
− | Nas células animais e vegetais a | + | Nas células animais e vegetais a diferença no processo de mitose é a ausência de centrómeros nas células vegetais e, por consequência, a formação do fusos multipolares. |
'''Fases da Mitose''': | '''Fases da Mitose''': | ||
− | '''Profase''': É a etapa mais longa da mitose. Nesta fase a cromatina condensa-se gradualmente em cromossomas bem definidos, sendo por vezes visível que são compostos por dois cromatídeos enrolados um no outro (o DNA já tinha sido duplicado durante a fase S da interfase). Os centrossomas (dois pares de centríolos) afastam-se para pólos opostos, formando entre eles o fuso acromático (em plantas os fusos são multipolares por ausência de centrómeros). As fibras do fuso acromático são feixes de microtúbulos ligados a complexos proteicos especializados – cinetócoros – desenvolvidos nos centrómeros durante a profase. O nucléolo desintegra-se determinando o final da etapa e o invólucro nuclear desagrega-se. | + | *'''Profase''': É a etapa mais longa da mitose. Nesta fase a cromatina condensa-se gradualmente em cromossomas bem definidos, sendo por vezes visível que são compostos por dois cromatídeos enrolados um no outro (o DNA já tinha sido duplicado durante a fase S da interfase). Os centrossomas (dois pares de centríolos) afastam-se para pólos opostos, formando entre eles o fuso acromático (em plantas os fusos são multipolares por ausência de centrómeros). As fibras do fuso acromático são feixes de microtúbulos ligados a complexos proteicos especializados – cinetócoros – desenvolvidos nos centrómeros durante a profase. O nucléolo desintegra-se determinando o final da etapa e o invólucro nuclear desagrega-se. |
− | '''Metafase''': os cromossomas atingem a sua máxima condensação. Os cromossomas no centro do fuso, alinham-se no plano equatorial da célula, formando a chamada placa equatorial. Os dois cromatídeos de cada cromossoma estão em posição oposta, permitindo que se separem na fase seguinte. | + | *'''Metafase''': os cromossomas atingem a sua máxima condensação. Os cromossomas no centro do fuso, alinham-se no plano equatorial da célula, formando a chamada placa equatorial. Os dois cromatídeos de cada cromossoma estão em posição oposta, permitindo que se separem na fase seguinte. |
− | '''Anafase''': divisão pelo centrómero e separação simultânea de todos os cromatídeos (cada cromatídeo passa agora a ser designado por cromossoma). Os cromossomas iniciam a ascensão polar ao longo dos feixes de microtúbulos. No final da Anafase dois conjuntos idênticos de cromossomas encontram-se em cada pólo da célula. | + | *'''Anafase''': divisão pelo centrómero e separação simultânea de todos os cromatídeos (cada cromatídeo passa agora a ser designado por cromossoma). Os cromossomas iniciam a ascensão polar ao longo dos feixes de microtúbulos. No final da Anafase dois conjuntos idênticos de cromossomas encontram-se em cada pólo da célula. |
− | '''Telofase''': inicia-se a organização dos núcleos das células-filhas. Forma-se o invólucro nuclear em torno dos cromossomas, a partir do retículo endoplasmático rugoso. As fibras do fuso acromático desorganizam-se, os cromossomas começam a descondensar, tornando-se novamente indistintos. O nucléolo é reconstituído e cada célula-filha entra na interfase. | + | *'''Telofase''': inicia-se a organização dos núcleos das células-filhas. Forma-se o invólucro nuclear em torno dos cromossomas, a partir do retículo endoplasmático rugoso. As fibras do fuso acromático desorganizam-se, os cromossomas começam a descondensar, tornando-se novamente indistintos. O nucléolo é reconstituído e cada célula-filha entra na interfase. |
− | Terminada a divisão nuclear ( | + | Terminada a divisão nuclear ('''cariocinese''') geralmente inicia-se a divisão citoplasmática ('''citocinese'''), completando-se desta forma a divisão celular que originará duas células-filhas. Nas células animais (sem parede celular) o início da citocinese é marcado pelo surgimento de uma constrição da membrana citoplasmástica na zona equatorial da célula. Este estrangulamento resulta da contracção de um conjunto de filamentos proteicos localizados juntos da membrana plasmática. O resultado é a clivagem da célula mãe em duas células-filhas. |
Nas células vegetais a existência da parede celular esquelética não permite a citocinese por estrangulamento. A clivagem da célula mãe ocorre através da formação do fragmoplasto, estrutura formada por vesículas resultantes do complexo de Golgi, contendo diferentes polissacáridos entre os quais celulose e proteínas que são depositadas na região equatorial da célula aproveitando os microtúbulos entre os dois pólos celulares, e formando uma placa celular, a lamela média. À medida que as vesículas de Golgi se vão fundindo, origina-se uma parede celular que acabará por dividir a célula em duas. A deposição de celulose junto à lamela média vai dar origem às duas paredes celulares que, geralmente se formam do centro da célula-mãe para a periferia. As paredes celulares formadas muitas vezes não são herméticas (estanques), existindo poros de comunicação, denominador plasmodesmos, que permitem a comunicação entre o citoplasma das diferentes células. | Nas células vegetais a existência da parede celular esquelética não permite a citocinese por estrangulamento. A clivagem da célula mãe ocorre através da formação do fragmoplasto, estrutura formada por vesículas resultantes do complexo de Golgi, contendo diferentes polissacáridos entre os quais celulose e proteínas que são depositadas na região equatorial da célula aproveitando os microtúbulos entre os dois pólos celulares, e formando uma placa celular, a lamela média. À medida que as vesículas de Golgi se vão fundindo, origina-se uma parede celular que acabará por dividir a célula em duas. A deposição de celulose junto à lamela média vai dar origem às duas paredes celulares que, geralmente se formam do centro da célula-mãe para a periferia. As paredes celulares formadas muitas vezes não são herméticas (estanques), existindo poros de comunicação, denominador plasmodesmos, que permitem a comunicação entre o citoplasma das diferentes células. | ||
+ | <center> | ||
+ | [[Ficheiro:Mitose.png]] | ||
− | + | '''Figura 2.''' Fases da mitose | |
− | + | ||
− | Fases da mitose | + | |
I ao III profase; IV metafase; V e VI anafase; VII e VIII telofase. | I ao III profase; IV metafase; V e VI anafase; VII e VIII telofase. | ||
− | + | </center> | |
'''Mitose ''versus'' Meiose''' | '''Mitose ''versus'' Meiose''' | ||
− | São ambos | + | São ambos processos de divisão nuclear que ocorrem ao longo do ciclo de vida dos organismos mas apresentam aspectos que os distinguem. |
Linha 73: | Linha 76: | ||
| Ocorre em células diplóides e haplóides || Nunca ocorre em células haplóides | | Ocorre em células diplóides e haplóides || Nunca ocorre em células haplóides | ||
|- | |- | ||
− | | Não há emparelhamento de cromossomas homólogos (cada [[cromossoma]] comporta-se de forma independente do outro) || Há emparelhamento de cromossomas homólogos | + | | Não há emparelhamento de cromossomas homólogos (cada [[Cromossoma|cromossoma]] comporta-se de forma independente do outro) || Há emparelhamento de cromossomas homólogos |
|- | |- | ||
− | | Quase nunca ocorre [[crossing-over]] || Há crossing-over entre cromatídeos de [[cromossomas homólogos]] | + | | Quase nunca ocorre [[Crossing-over|crossing-over]] || Há crossing-over entre cromatídeos de [[Cromossomas Homólogos|cromossomas homólogos]] |
|- | |- | ||
| As células-filhas podem continuar a dividir-se || As células-filhas não podem sofrer mais divisões meióticas | | As células-filhas podem continuar a dividir-se || As células-filhas não podem sofrer mais divisões meióticas | ||
|- | |- | ||
− | | Centrómeros dividem-se longitudinalmente na [[anafase]] || Centrómeros dividem-se longitudinalmente apenas na anafase II (divisão equacional) | + | | Centrómeros dividem-se longitudinalmente na [[Anafase|anafase]] || Centrómeros dividem-se longitudinalmente apenas na anafase II (divisão equacional) |
|- | |- | ||
| Só ocorre uma divisão || Ocorrem duas divisões sucessivas (primeira dita reducional e a segunda equacional, semelhante à mitose) | | Só ocorre uma divisão || Ocorrem duas divisões sucessivas (primeira dita reducional e a segunda equacional, semelhante à mitose) | ||
Linha 88: | Linha 91: | ||
'''Palavras chave''': interfase, replicação, DNA, profase, metafase, anafase, telofase, cromossoma, cromatídeo, cariocinese, citocinese | '''Palavras chave''': interfase, replicação, DNA, profase, metafase, anafase, telofase, cromossoma, cromatídeo, cariocinese, citocinese | ||
+ | |||
---- | ---- | ||
− | <br>Criada em 20 de Outubro de 2009<br> | + | Materiais relacionados disponíveis na [http://www.casadasciencias.org Casa das Ciências]:<br> |
− | Revista em | + | # [http://www.casadasciencias.org/index.php?option=com_docman&task=doc_details&gid=37223725&Itemid=23 Apoptose], a morte celular - Como acontece? |
− | Aceite pelo editor em | + | ---- <br>Criada em 20 de Outubro de 2009<br> Revista em 14 de Julho de 2011<br> Aceite pelo editor em 08 de Fevereiro de 2012<br> |
Edição actual desde as 14h14min de 7 de abril de 2022
Referência : Moreira, C., (2014) Ciclo Celular, Rev. Ciência Elem., V2(4):249
Autor: Catarina Moreira
Editor: José Feijó
DOI: [http://doi.org/10.24927/rce2014.249]
O Ciclo celular é definido como a sequência de acontecimentos que levam ao o crescimento e a divisão da célula, de forma contínua e repetitiva. Considera-se, assim, que o ciclo celular compreende a mitose e o tempo que decorre entre duas mitoses, a interfase (Fig. 1).
Figura 1. Esquema do ciclo celular |
I - interfase; M - mitose. (A duração da fase mitótica em relação às outras fases encontra-se exagerada.)
A interfase é um período relativamente longo quando comparado com a mitose, podendo demorar horas, anos ou até perpetuar-se até à morte da célula, sem que nova divisão ocorra (ex. maioria das células nervosas e musculares). Durante este período ocorre a síntese de diversos constituintes que conduzem ao crescimento e à maturação celulares, para que a célula esteja preparada se ocorrer uma nova divisão.
À interfase correspondem três períodos: G1, S e G2 (alguns organismos unicelulares, como a levedura não possuem G2).
- Período G1: a designação desta etapa deriva de ‘gap’ do inglês intervalo, e decorre imediatamente após a mitose. É um período de intensa actividade bioquímica, no qual a célula cresce em volume e o número de organelos aumenta. Ocorre a síntese de RNA no sentido de a célula sintetizar (fabricar) proteínas, lípidos e glícidos.
- Período S: de síntese do inglês ‘synthesis’ é caracterizado pela replicação do DNA. Às novas moléculas de DNA associam-se proteínas básicas chamadas histonas, formando-se cromossomas, constituídos por dois cromatídeos ligados pelo centrómero.
- Período G2: síntese de mais proteínas e produção de estruturas membranares que serão utilizadas nas células-filhas resultantes da mitose.
A fase mitótica embora varie em aspectos mínimos de uns organismos para os outros, é basicamente semelhante na maior parte das células eucarióticas. Esta fase em que uma célula se divide em duas células-filhas, podem ser considerada 2 processos consecutivos: a Mitose propriamente dita ou a Cariocinese (divisão do núcleo) e a Citocinese (divisão do citoplasma).
A mitose pode ser dividida em quatro fases embora seja um processo contínuo: profase, metafase, anafase e telofase (gerando a célebre mnemónica “PRÓximo da META a ANA TELefonou”) (Fig. 2). Neste processo, associado à divisão de células somáticas, o material genético sintetizado no período S da interfase é dividido igualmente por dois núcleos resultantes. A mitose é regulada por diferentes classes de proteínas, iniciando-se quando uma delas, as ciclinas, atingem determinadas concentração no citoplasma e activa o factor promotor da mitose (MPF) proteico citoplasmático, que inicia a condensação dos cromossomas.
Nas células animais e vegetais a diferença no processo de mitose é a ausência de centrómeros nas células vegetais e, por consequência, a formação do fusos multipolares.
Fases da Mitose:
- Profase: É a etapa mais longa da mitose. Nesta fase a cromatina condensa-se gradualmente em cromossomas bem definidos, sendo por vezes visível que são compostos por dois cromatídeos enrolados um no outro (o DNA já tinha sido duplicado durante a fase S da interfase). Os centrossomas (dois pares de centríolos) afastam-se para pólos opostos, formando entre eles o fuso acromático (em plantas os fusos são multipolares por ausência de centrómeros). As fibras do fuso acromático são feixes de microtúbulos ligados a complexos proteicos especializados – cinetócoros – desenvolvidos nos centrómeros durante a profase. O nucléolo desintegra-se determinando o final da etapa e o invólucro nuclear desagrega-se.
- Metafase: os cromossomas atingem a sua máxima condensação. Os cromossomas no centro do fuso, alinham-se no plano equatorial da célula, formando a chamada placa equatorial. Os dois cromatídeos de cada cromossoma estão em posição oposta, permitindo que se separem na fase seguinte.
- Anafase: divisão pelo centrómero e separação simultânea de todos os cromatídeos (cada cromatídeo passa agora a ser designado por cromossoma). Os cromossomas iniciam a ascensão polar ao longo dos feixes de microtúbulos. No final da Anafase dois conjuntos idênticos de cromossomas encontram-se em cada pólo da célula.
- Telofase: inicia-se a organização dos núcleos das células-filhas. Forma-se o invólucro nuclear em torno dos cromossomas, a partir do retículo endoplasmático rugoso. As fibras do fuso acromático desorganizam-se, os cromossomas começam a descondensar, tornando-se novamente indistintos. O nucléolo é reconstituído e cada célula-filha entra na interfase.
Terminada a divisão nuclear (cariocinese) geralmente inicia-se a divisão citoplasmática (citocinese), completando-se desta forma a divisão celular que originará duas células-filhas. Nas células animais (sem parede celular) o início da citocinese é marcado pelo surgimento de uma constrição da membrana citoplasmástica na zona equatorial da célula. Este estrangulamento resulta da contracção de um conjunto de filamentos proteicos localizados juntos da membrana plasmática. O resultado é a clivagem da célula mãe em duas células-filhas.
Nas células vegetais a existência da parede celular esquelética não permite a citocinese por estrangulamento. A clivagem da célula mãe ocorre através da formação do fragmoplasto, estrutura formada por vesículas resultantes do complexo de Golgi, contendo diferentes polissacáridos entre os quais celulose e proteínas que são depositadas na região equatorial da célula aproveitando os microtúbulos entre os dois pólos celulares, e formando uma placa celular, a lamela média. À medida que as vesículas de Golgi se vão fundindo, origina-se uma parede celular que acabará por dividir a célula em duas. A deposição de celulose junto à lamela média vai dar origem às duas paredes celulares que, geralmente se formam do centro da célula-mãe para a periferia. As paredes celulares formadas muitas vezes não são herméticas (estanques), existindo poros de comunicação, denominador plasmodesmos, que permitem a comunicação entre o citoplasma das diferentes células.
Figura 2. Fases da mitose
I ao III profase; IV metafase; V e VI anafase; VII e VIII telofase.
Mitose versus Meiose
São ambos processos de divisão nuclear que ocorrem ao longo do ciclo de vida dos organismos mas apresentam aspectos que os distinguem.
Mitose | Meiose |
Ocorre em células somáticas | Ocorre em células sexuais para produção de gâmetas |
Origina duas células-filhas, cujo número de cromossomas é igual ao da célula mãe | Origina quatro células-filhas com metade do número de cromossomas da célula mãe |
Ocorre em células diplóides e haplóides | Nunca ocorre em células haplóides |
Não há emparelhamento de cromossomas homólogos (cada cromossoma comporta-se de forma independente do outro) | Há emparelhamento de cromossomas homólogos |
Quase nunca ocorre crossing-over | Há crossing-over entre cromatídeos de cromossomas homólogos |
As células-filhas podem continuar a dividir-se | As células-filhas não podem sofrer mais divisões meióticas |
Centrómeros dividem-se longitudinalmente na anafase | Centrómeros dividem-se longitudinalmente apenas na anafase II (divisão equacional) |
Só ocorre uma divisão | Ocorrem duas divisões sucessivas (primeira dita reducional e a segunda equacional, semelhante à mitose) |
Palavras chave: interfase, replicação, DNA, profase, metafase, anafase, telofase, cromossoma, cromatídeo, cariocinese, citocinese
Materiais relacionados disponíveis na Casa das Ciências:
- Apoptose, a morte celular - Como acontece?
Criada em 20 de Outubro de 2009
Revista em 14 de Julho de 2011
Aceite pelo editor em 08 de Fevereiro de 2012