Hipótese do Fluxo de Massa
Referência : Correia, S., (2014) Hipótese do fluxo de massa, Rev. Ciência Elem., V2(1):005
Autores: Sandra Correia
Editor: Jorge Canhoto
DOI: [http://doi.org/10.24927/rce2014.005]
A Hipótese do Fluxo em Massa ou Fluxo de Pressão é um modelo, proposto por Ernst Münch em 1927, que procura explicar a deslocação da seiva elaborada no floema.
Segundo esta hipótese, os açúcares produzidos nas células do mesófilo durante a fotossíntese deslocam-se através dos elementos do tubo crivoso (células condutoras do floema) desde as zonas de produção (fontes), como folhas e órgãos de reserva (tubérculos, raízes), até aos locais de consumo e/ou armazenamento (folhas jovens, flores, frutos em desenvolvimento), vulgarmente chamados sumidouros. A passagem dos açúcares das células fotossintéticas do mesófilo para as células condutoras do floema é chamada carga do floema. Do mesmo modo, a deslocação dos açúcares dos elementos condutores do floema para as células dos sumidouros é chamada descarga do floema. O sentido do movimento da seiva elaborada é independente da gravidade e ocorre sempre das fontes para os sumidouros por fluxo em massa em virtude de um gradiente de pressão entre estes. Isto significa que o movimento pode ser ascendente ou descendente. Por exemplo, na batateira, a formação dos tubérculos envolve o transporte de açúcares das folhas para os órgãos de reserva em formação, um movimento descendente. No entanto, se pensarmos nos açúcares mobilizados dos cotilédones para o ápice caulinar durante as fases iniciais de desenvolvimento de uma planta, o movimento é ascendente.
Como se gera este gradiente? Quando os açúcares são transportados para as células floémicas nas zonas de carga, o potencial osmótico destas células reduz-se (torna-se mais negativo). Para compensar este abaixamento do potencial osmótico, a água desloca-se das células vizinhas do xilema, onde o potencial hídrico é mais elevado devido ao teor em solutos mais reduzido (potencial osmótico mais elevado), para as células floémicas. A entrada de água nos elementos condutores do floema causa um aumento da pressão de turgescência. Nos sumidouros, o processo é, de certa forma, inverso. À medida que os açúcares são transportados das células floémicas para as células dos sumidouros a água acompanha esse movimento, originando uma diminuição da pressão de turgescência. Gera-se assim um gradiente de pressão entre as fontes e os sumidouros. O resultado é um movimento em massa (a água e os solutos dissolvidos deslocam-se à mesma velocidade) desde as fontes para os sumidouros. Este processo só é possível porque, entre os dois locais, a seiva translocada no floema não tem que atravessar nenhum sistema membranar. Deve referir-se que o transporte entre as fontes e os sumidouros é um processo puramente físico que não envolve gastos de energia metabólica e que depende exclusivamente do gradiente de pressão que se estabeleceu. No entanto, os processos de carga e descarga do floema, geradores do gradiente de pressão, envolvem o transporte de açúcares através de transportadores membranares que utilizam energia metabólica.
Referências: Evert, R. F. e Eichhorn, S. E. (2013) Raven Biology of Plants. W. H. Freeman and Company Publichers, NY. Salisbury, F. B. e Ross, C. W. (1992) Plant Physiology, 4ª Ed., Wadsworth Publishing Company, Belmont. Taiz, L. e Zeiger, E. (2010) Plant Physiology, 5ª Ed., Sinauer Associates, Inc.
Criada em 16 de Março de 2012
Revista em 30 de Outubro de 2012
Aceite pelo editor em 6 de Novembro de 2012