Principio de indução matemática
Referência : Tavares, J., Geraldo, A., (2018) Princípio de indução matemática, Rev. Ciência Elem., V6(1):087
Autor: João Nuno Tavares e Ângela Geraldo
Editor: José Ferreira Gomes
DOI: [https://doi.org/10.24927/rce2018.087]
Índice[esconder] |
Princípio de indução matemática
O Principio de indução matemática diz o seguinte - seja P(n) uma proposição que depende de um inteiro natural n∈N. Então:
- se P(1) é verdadeira, e se
- ∀n∈N se P(n) é verdadeira então P(n+1) também o é
a proposição P(n) é verdadeira ∀n∈N. O princípio serve pois para provar proposições do tipo ∀n∈N,P(n).
Exemplos
Exemplo 1
Podemos usar o princípio de indução matemática para mostrar que:
1+2+3+4+⋯+n=n(n+1)2
Neste caso P(n)=1+2+3+⋯+n=n(n+1)2. Portanto, P(1)=1=1(1+1)2 e P(n+1)=1+2+3+⋯+n+(n+1)=(n+1)(n+2)2.
1. P(1)=1=1(1+1)2 é verdadeira.
2. Supomos agora que P(n) é verdadeira, ou seja, a hipótese de indução. Queremos mostrar que P(n+1) também é verdadeira.
1+2+3+⋯+n+(n+1) | = | (1+2+3+⋯+n)+(n+1) |
= | n(n+1)2+(n+1), pela hipótese de indução | |
= | n(n+1)+2(n+1)2=(n+1)(n+2)2 QED |
Exemplo 2
Outro exemplo da aplicação do princípio de indução matemática pode ser visto na demonstração de:
17n−10né múltiplo de 7,∀n∈N
1. P(1)=1=171−101=7, que é múltiplo de 7, portanto P(1) é verdadeira.
2. Supomos agora que P(n) é verdadeira, ou seja, a hipótese de indução. Queremos mostrar que P(n+1) também é verdadeira.
17n+1−10n+1 | = | 17n⋅17−10n⋅10 |
= | 17n⋅17−10n⋅10−17n⋅10+17n⋅10 | |
= | 17n⋅17−17n⋅10+17n⋅10−10n⋅10 | |
= | 17n⋅(17−10)+10⋅(17n−10n) | |
= | 17n⋅7+10⋅(múltiplo de 7), pela hipótese de indução | |
= | múltiplo de 7 QED |
Exemplo 3
Considere n rectas no plano que estão em posição geral, isto é, - duas quaisquer intersectam-se (não há paralelas) e - não existem 3 ou mais que se intersectam num único ponto. Em quantas partes dividem o plano? Designemos por P(n)= número de partes em que as n rectas em posição geral dividem o plano. Para n=1, é claro que P(1)=2. Suponhamos que conhecemos P(n) e determinemos P(n+1). Consideremos pois n+1 rectas em posição geral no plano. As n primeiras destas rectas dividem o plano em P(n)= partes. A última, chamemos-lhe ℓ, intersecta as n primeiras em n pontos distintos que dividem a recta ℓ em n+1 pontos distintos (veja o applet com n=3 rectas, com P(3)=7 partes, e n+1=4 rectas e P(4)=11 partes). |
Portanto, a recta ℓ tem pontos comuns com n+1 das partes determinadas pelas n primeiras rectas a que se vêm juntar n+1 novas partes (veja o applet: às P(3)=7 partes determinadas pelas 3 primeiras rectas, juntam-se 4 novas partes).
Concluindo
P(n+1)=P(n)+(n+1)
Fazendo nesta igualdade n sucessivamente igual a n−1,n−2,⋯,2,1, obtemos
P(n)=P(n−1)+nP(n−1)=P(n−2)+(n−1)⋮P(3)=P(2)+3P(2)=P(1)+2
Somando estas igualdades, simplificando e atendendo a que P(1)=2, obtemos
P(n)=P(1)+[n+(n−1)+⋯+2]=1+[n+(n−1)+⋯+1]=1+n(n+1)2=n2+n+22
Criada em 8 de Janeiro de 2013
Revista em 11 de Janeiro de 2013
Aceite pelo editor em 31 de Março de 2018