Hidratos de carbono
Referência : Brás, N. (2011), WikiCiências, 2(01):0248
Autor: Natércia Brás
Editor: Pedro Alexandrino Fernandes
Os hidratos de carbono, também denominados por glícidos, glúcidos, sacarídeos ou simplesmente “açúcares”, são compostos orgânicos ternários, ou seja, constituídos por átomos de carbono (C), oxigénio (O) e hidrogénio (H). A etimologia da palavra “açúcar” advém do termo sânscrito sharkara que significa “grão” ou “areia grossa”, tendo sido introduzida na língua portuguesa através do termo árabe al zukkar. A designação hidratos de carbono deriva da fórmula de estrutura geral [C(H2O)]n, onde se verifica uma proporção de dois átomos de H para um átomo de O, tal como se verifica na molécula de água (H2O), em conjunto com átomos de carbono. No entanto, alguns hidratos de carbono podem também conter átomos de azoto (N) ou enxofre (S) na sua composição. Em Química, os hidratos de carbono são definidos como poli-hidroxialdeídos ou poli-hidroxicetonas, designando-se por aldoses ou cetoses, caso possuam o grupo funcional aldeído ou cetona, respectivamente.
Figura 1 – Representação de exemplos dos diferentes tipos de hidratos de carbono (mono-, oligo- e polissacarídeo).
Os hidratos de carbono são as biomoléculas mais abundantes nos seres vivos. Estas desempenham diversas funções, sendo as mais relevantes relacionadas com a obtenção e a reserva de energia em quase todos os seres vivos. No entanto, também actuam como suporte estrutural em plantas, animais e alguns microrganismos. Os hidratos de carbono são produzidos pelas plantas através do processo fotossintético e são degradados pelos animais no decorrer da respiração celular de forma a obter energia, constituindo assim a fonte primária de energia dos seres vivos.
De acordo com a sua complexidade, os hidratos de carbono podem ser classificados em oses (monossacarídeos) e ósidos (oligossacarídeos e polissacarídeos). A glicose, frutose e galactose são exemplos de oses importantes, não hidrolisáveis e fornecedores importantes de energia. Os monossacarídeos são a unidade estrutural dos hidratos de carbono, sendo os oligossacarídeos e os polissacarídeos constituídos a partir da polimerização destes. Os monossacarídeos constituem o esqueleto principal do metabolismo energético celular enquanto os polissacarídeos servem, principalmente, como reservas de monossacarídeos ou como factores estruturais. O hidrato de carbono mais comum e abundante é o monossacarídeo glicose, o qual desempenha um papel fundamental na fotossíntese e respiração celular nas plantas e animais, respectivamente. Os oligossacarídeos são moléculas relativamente pequenas enquanto os polissacarídeos formam verdadeiras macromoléculas. Entre os hidratos de carbono encontram-se também as pectinas, que estão presentes nos vegetais. As suas propriedades gelificantes são utilizadas nas compotas e pomadas farmacêuticas, enquanto o seu poder hemostático é aplicado em medicina.
Os hidratos de carbono são a maior reserva energética constituinte das plantas, sob a forma de amido (polissacarídeo). No entanto, os animais apresentam apenas pequenas quantidades de hidratos de carbono no sangue, sob a forma de glicose (monossacarídeo), e no fígado e músculos, sob a forma de glicogénio (polissacarídeo). Para além disso, os hidratos de carbono possuem também um importante papel estrutural como constituintes das membranas celulares (actividade construtora ou plástica), nos animais constituindo o exoesqueleto dos artrópodes sob a forma de quitina (polissacarídeo) e nas plantas sob a forma de celulose (polissacarídeo). Outras moléculas biológicas também incluem hidratos de carbono na sua constituição, como os ácidos nucleicos (ribose e desoxiribose nas moléculas de ARN e ADN, respectivamente), algumas proteínas (glicoproteínas) e lípidos (glicolípidos). Existem ainda moléculas derivadas de hidratos de carbono cruciais para a química biológica de muitos seres vivos, como por exemplo a heparina que desempenha uma função extremamente importante como anticoagulante.
Referências
T.. Lindhorst , Essentials of Carbohydrate Chemistry and Biochemistry, First Edition, Wiley-VCH, 2007, ISBN: 978-3-527-31528-4.
A. Quintas, A. Freire e M. Halpern, Bioquímica – Organização Molecular da Vida, Lidel, 2008 ISBN: 978-972-757-431-5.
Dicionário Enciclopédico de Português, Editorial Verbo, 2006, ISBN: 978-989-554-244-4.
http://pt.wikibooks.org/wiki/Bioqu%C3%ADmica/Gl%C3%ADcidos
http://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7%C3%BAcar
Criada em 28 de Dezembro de 2010
Revista em 19 de Janeiro de 2011
Aceite pelo editor em 19 de Janeiro de 2011