Filtro de Velocidades

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Referência : Ferreira, M., (2013) Filtro de Velocidades, Rev. Ciência Elem., V1(1):037
Autor: Miguel Ferreira
Editor: Joaquim Agostinho Moreira
DOI: [http://doi.org/10.24927/rce2013.037]
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Suponhamos que numa região do espaço existe um campo eléctrico e magnético, ambos uniformes, de maneira que o campo magnético aponta no sentido negativo do eixo dos zz e o campo eléctrico aponta no sentido negativo do eixo dos yy. No que se segue, desprezamos os efeitos de bordo nos campos e a interacção gravitacional.

*artícula com carga positiva sujeita ao efeito de um campo eléctrico e de um campo magnético, perpendiculares entre si. A partícula descreve uma trajectória rectilínea quando a resultante das forças eléctrica e magnética for nula.

Uma partícula com carga  q , velocidade de módulo v e direcção segundo o eixo dos xx, e massa m, ao entrar na região onde estão definidos os dois campos, fica sujeita ao efeito de duas forças: uma devido à sua interacção com o campo eléctrico, outra devido à sua interacção com o campo magnético. Estas forças são dadas pelas seguintes expressões:

 \vec{F}_{e} = - qE \widehat{y}

 \vec{F}_{m} = q \vec{v}\times\vec{B} = - qvB (\widehat{x}\times\widehat{z}) = qvB \widehat{y} .

De um modo geral, em que a partícula tem uma velocidade arbitrária, esta será desviada em relação à direcção paralela ao eixo dos xx, devido à resultante das forças que nela actua não ser nula. Contudo, existe um caso em que a trajectória da partícula coincide com a direcção xx. Note-se que a força magnética depende da velocidade da partícula, enquanto que a força eléctrica é independente da velocidade. Para uma dada velocidade (grandeza vectorial), as forças que actuam na partícula têm resultante nula e, pela Lei da Inércia, a velocidade da partícula é constante e esta descreve uma trajectória rectilínea na região onde existem os campos. Neste caso, e recordando que a velocidade da partícula é perpendicular ao campo magnético, as forças eléctrica e magnética têm a mesma direcção, mas sentidos opostos. Para que a resultante seja nula, é necessário garantir que:

 qvB = qE  \Leftrightarrow v = \frac{E}{B}.

No caso em que a velocidade da partícula não tiver a direcção do eixo xx, as forças eléctrica e magnética nunca têm resultante nula. A força resultante tem uma componente que é perpendicular à velocidade e, por isso, a velocidade também muda de direcção. Neste caso, a trajectória da partícula é uma curva, afastando-se da direcção xx. Note-se que este dispositivo consegue retirar partículas de um feixe, com velocidades distintas, deixando passar apenas as que têm a velocidade adequada - filtro de velocidades. O valor da velocidade é dado pela equação anterior. Este dispositivo é utilizado, por exemplo, num espectrómetro de massa.

Ver também



Criada em 18 de Julho de 2011
Revista em 28 de Julho de 2011
Aceite pelo editor em 28 de Julho de 2011