Equações da reta
Referência : Tavares, J., Geraldo, A., (2017) Equações da reta, Rev. Ciência Elem., V5(2):074
Autor: João Nuno Tavares e Ângela Geraldo
Editor: José Ferreira Gomes
DOI: [https://doi.org/10.24927/rce2017.074]
Índice[esconder] |
Reta que passa num ponto e é perpendicular a um vetor
Equação cartesiana
Considerando um ponto A=(xA,yA) e um vetor →n, a reta que passa por A e é perpendicular a →n é definida através da equação →n⋅→AP=0, onde P=(x,y) um ponto genérico da reta considerada.
Se →n=(a,b) e →AP=(x−xA,y−yA), →n⋅→AP=(a,b)⋅(x−xA,y−yA)=a(x−xA)+b(y−yA), e então a equação escreve-se da forma,
e diz-se a equação cartesiana da reta referida.
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Aplicação
Como calcular a equação cartesiana da reta que passa em A=(−1,2) e é perpendicular ao vetor →n=(3,4)?
Consideramos P=(x,y) um ponto genérico dessa reta, então o vetor →AP=P−A=(x,y)−(−1,2)=(x+1,y−2) é ortogonal ao vetor →n. Portanto, →AP⋅→n=0, isto é,
(x+1,y−2)⋅(3,4)=0⇔3(x+1)+4(y−2)=0⇔3x+4y=5.
Equação vetorial
Considerando a mesma reta, →n⋅→AP=0, onde →n=(a,b), vejamos que o vetor →v=(−b,a) tem a mesma direção dessa reta. De facto →n⋅→v=(a,b)⋅(−b,a)=−ab+ba=0. Portanto a reta é também o conjunto de todos os pontos P=(x,y), tais que P−A=→AP é um múltiplo escalar de vetor →v. Isto é, (P−A)=t→v.
A equação P=A+t→v diz-se a equação vetorial da reta que passa no ponto A e é paralela ao vetor →v. |
Equações paramétricas
Se →AP=(x−xA,y−yA), então, como →v=(−b,a),
→AP=t→v⇔(x−xA,y−yA)=t(−b,a)⇔x−xA=−tb∧y−yA=ta, sendo assim equivalente ao sistema de duas equações seguinte:
Que se dizem equações paramétricas da reta referida. Quando o "tempo" t varia, elas representam o movimento de um ponto (partícula) que se desloca sobre a reta com movimento uniforme de vetor-velocidade →v=(−b,a) e velocidade (escalar) v=‖→v‖=√a2+b2. |
Aplicação
Como calcular as equações paramétricas da reta que passa no ponto A=(2,−3) e é perpendicular ao vetor →n=(1,4)? O vetor →v=(−4,1) é perpendicular ao vetor →n pois →n⋅→v=(1,4)⋅(−4,1)=−4+4=0. Portanto, pretendemos as equações paramétricas da reta que passa em A=(2,−3) e é paralela ao vetor →v=(−4,1). Se P=(x,y) um ponto genérico dessa reta, então →AP=P−A=(x,y)−(2,−3)=(x−2,y+3) é um múltiplo escalar do vetor →v, isto é, →AP=t→v, ou seja, (x−2,y+3)=t(−4,1)⟺{x=2−4ty=−3+t,t∈R |
Reta que passa por dois pontos
Equação vetorial
Pretendemos agora determinar a equação de uma reta que passa em dois pontos distintos. Temos então dois casos:
No plano, sejam A=(xA,yA) e B=(xB,yB) esses dois pontos, queremos então determinar a equação da reta que passa por A e é paralela ao vetor →AB. Se P=(x,y) é um ponto genérico dessa reta temos que,
que é chamada a equação vetorial da reta. Em coordenadas, (x,y)=(xA,yA)+t(xB−xA,yB−yA),t∈R.
(x,y,z)=(xA,yA,zA)+t(xB−xA,yB−yA,zB−zA),t∈R .
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Aplicação
Como calcular a equação vetorial da reta que passa pelos pontos A=(2,−1,0) e B=(−3,1,2)? Consideramos P=(x,y,z) um ponto genérico dessa reta. A reta pretendida passa pelos pontos A e B por isso é uma reta paralela ao vetor →AB=B−A=(−3,1,2)−(2,−1,0)=(−5,0,2). Portanto a equação vetorial dessa reta é dada por: P=A+t→AB⟺(x,y,z)=(2,−1,0)+t(−5,0,2),t∈R |
Equações paramétricas
Das equações vetoriais da reta anteriores podemos obter as equações paramétricas. Para o caso em que A e B são pontos em R2 a equação vetorial da reta é equivalente a x=xA+t(xb−xA)∧y=yA+t(yB−yA), ou num sistema:
{x=xA+t(xB−xA),t∈Ry=yA+t(yB−yA) |
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Para o caso em que A e B são pontos em R3 a equação vetorial da reta é equivalente a x=xA+t(xb−xA)∧y=yA+t(yB−yA)∧z=zA+t(zB−zA), ou num sistema, considerando t∈R:
{x=xA+t(xB−xA)y=yA+t(yB−yA)z=zA+t(zB−zA) |
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Equação cartesiana
Simplificando os sistemas anteriores e eliminando o parâmetro t, obtemos do primeiro sistema a equação cartesiana da reta no plano, que passa pelos pontos A=(xA,yA) e B=(xB,yB):
(yB−yA)(x−xA)=(y−yA)(xB−xA) |
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- Se xB−xA=0, então yB−yA≠0, pois os dois pontos são distintos, e a reta é uma reta vertical de equação x=xA.
- Se yB−yA=0, então xB−xA≠0, pois os dois pontos são distintos, e a reta é uma reta horizontal de equação y=yA.
- Se xB−xA≠0 e yB−yA≠0, a reta tem por equação:
y=yA+(yB−yA)(xB−xA)(x−xA)
Do segundo sistema obtemos as equações cartesianas (também chamadas equações homogéneas) da reta que passa em A e B no espaço, com A,B∈R3.
x−xAxB−xA=y−yAyB−yA=z−zAzB−zA |
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Equação reduzida de uma reta
Inclinação e declive da reta
A inclinação de uma reta é o menor ângulo positivo α que a reta faz com a parte positiva do eixo dos xx.
Considerando dois pontos dessa reta, A(xA,yA) e B=(xB,yB), o declive da reta, usualmente denominado por m, é o quociente entre a diferença das ordenadas e a diferença das abcissas de dois pontos dessa mesma reta, ou seja, m=yB−yAxB−xA Se xB−xA≠0 e yB−yA≠0 então temos uma reta não vertical e não horizontal. Se xB−xA=0 a reta é vertical e diz-se que o seu declive é infinito. Já se yB−yA=0 temos uma reta horizontal (com declive nulo). Através da trigonometria, o declive de uma reta é diretamente associado à inclinação da mesma pois, pela definição de tangente de um ângulo concluímos que o declive da reta é igual à tangente da inclinação da mesma, ou seja: m=tanα .
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Equação y=mx+b
A equação reduzida de uma reta no plano é definida através da expressão,
y=mx+b
em que m é o declive da reta e b a ordenada na origem. O valor b é assim a ordenada do ponto de interseção da reta considerada com o eixo dos yy, ponto (0,b), ou o valor que se obtém para y quando substituímos o valor de x por zero.
Aplicação
Como calcular a equação reduzida da reta que passa pelos pontos A=(2,−1) e B=(4,6)?
Começamos por determinar o declive da reta: m=6−(−1)4−2⇔m=72. Temos então que y=72x+b. Para determinarmos o valor de b basta substituirmos na expressão anterior os valores de x e y pelas coordenadas de um dos pontos. Substituindo pelas coordenadas de A obtemos:
−1=72×2+b⇔b=−1−7=−8.
Concluímos então que a equação da reta pretendida é y=72x−8.
Criada em 3 de Junho de 2013
Revista em 12 de Junho de 2013
Aceite pelo editor em 30 de Junho de 2017