Arcos de circunferência

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Referência : Tavares, J., Geraldo, A., (2017) Arcos de circunferência, Rev. Ciência Elem., V5(3):077
Autor: João Nuno Tavares e Ângela Geraldo
Editor: José Ferreira Gomes
DOI: [https://doi.org/10.24927/rce2017.077]
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Índice

Definição

Considere-se uma circunferência de centro em \(O\) e seja \(A\) um ponto fixo da mesma. Um ponto móvel \(M\), partindo de \(A\), pode percorrer a circunferência em dois sentidos: ou no sentido contrário ao do movimento dos ponteiros do relógio que será o sentido positivo, ou no sentido oposto, sentido negativo.

Quando um ponto, partindo da posição \(A\), roda em torno do centro \(O\), acabando por ocupar a posição \(M\) diz-se que descreveu o arco \(AM\). Chamamos origem ao ponto \(A\) e extremidade ao ponto \(M\) do arco \(AM\).

Assim, o arco é positivo (applet da esquerda) ou negativo (applet da direita), conforme o sentido da rotação que leva o ponto móvel da origem do arco à extremidade do arco seja positivo ou negativo.

O ponto móvel pode descrever uma rotação em torno da origem \(O\) de tal forma que vem a ocupar a posição inicial, descrevendo assim uma circunferência completa num dado sentido. Para além disso, como nada impede que esse movimento de rotação continue (no sentido positivo ou negativo), concebem-se então arcos (positivos ou negativos) que podem exceder uma ou mais circunferências.

Portanto, a cada par ordenado \((A,M)\) de dois pontos pertencentes a uma dada circunferência de centro em \(O\), corresponde um ser geométrico múltiplo chamado arco trigonométrico, constituído por um número infinito de determinações, cada uma das quais se refere à amplitude e sentido da rotação que leva ponto móvel sobre a circunferência a ir do ponto \(A\) (origem) ao ponto \(M\) (extremidade), do arco considerado.

Medida dos arcos de circunferência

A medida de um arco orientado exprime-se por um número real positivo ou negativo consoante o arco seja descrito no sentido positivo ou sentido negativo. A escolha do arco unidade é arbitrária mas habitualmente consideram-se três sistemas de unidades que se definem em seguida.

Atenção: O comprimento de um arco e a sua amplitude são diferentes. Arcos com a mesma amplitude podem ter comprimentos diferentes.

Sistema sexagesimal

No sistema sexagesimal a unidade fundamental é o grau de arco, ou simplesmente, grau, que é a 360ª parte da circunferência. O arco de circunferência de medida \(1º\) é homólogo de um ângulo ao centro de medida um grau.

Desta forma, a circunferência mede \(360º\), a semicircunferência mede \(180º\), o quadrante mede \(90º\) (equivalente a \(\frac{1}{4}\) da circunferência) e o octante mede \(45º\) (equivalente a \(\frac{1}{8}\) da circunferência).

Os submúltiplos do grau de arco são:

O minuto sexagesimal \(1'\) corresponde a \(\displaystyle \frac{1}{60}\) de um grau, ou seja, 60 minutos é igual a 1 grau.

O segundo sexagesimal \(1' '\) corresponde a \(\displaystyle \frac{1}{60}\) de um um minuto e a \(\displaystyle \frac{1}{3600}\) de um grau , ou seja, 3600 segundos é igual a 1 grau.

O décimo do segundo, o centésimo do segundo etc.

Submúltiplos do grau de arco Um grau de arco
Minutos 60
Segundos 3600
Décimos de segundo 36000
Centésimos do segundo 360000
\(\dots\) \(\dots\)


Sistema centesimal

No sistema sexagesimal a unidade fundamental é o grado de arco, ou simplesmente, grado, que é a 400ª parte da circunferência. O arco de circunferência de medida \(1^{g}\) é homólogo de um ângulo ao centro de medida um grado.

Desta forma, a circunferência mede \(400^{g}\), a semicircunferência mede \(200^{g}\), o quadrante mede \(100^{g}\) (equivalente a \(\frac{1}{4}\) da circunferência) e o octante mede \(50^{g}\) (equivalente a \(\frac{1}{8}\) da circunferência).

Os submúltiplos do grado de arco são:

O minuto centesimal \(1^{‵}\) corresponde a \(\displaystyle \frac{1}{100}\) de um grado, ou seja, 60 minutos centesimais são 1 grado.

O segundo centesimal \(1‶\) corresponde a \(\displaystyle \frac{1}{100}\) de um um minuto e a \(\displaystyle \frac{1}{10000}\) de um grado , ou seja, 10000 segundos centesimais são 1 grado.

O décimo do segundo centesimal, o centésimo do segundo centesimal etc.

Submúltiplos do grado de arco Um grado de arco
Minutos 100
Segundos 10000
Décimos de segundo 100000
Centésimos do segundo 1000000
\(\dots\) \(\dots\)


Sistema circular

Neste sistema a unidade fundamental é o radiano de arco, ou simplesmente, radiano, que é um arco que, retificado, é igual ao raio da circunferência em que foi descrito. Tal arco é homólogo de um ângulo ao centro de medida um radiano.

Uma vez que uma circunferência de raio \(r\) tem comprimento \(2\pi r\), resulta daqui que a circunferência contém exatamente \(2\pi\) vezes o radiano de arco. Portanto, o arco de circunferência mede \(2\pi \mbox{ rad}\), o arco de semicircunferência mede \(\pi \mbox{ rad}\), o arco de quadrante mede \(\displaystyle \frac{\pi}{2} \mbox{ rad}\) (equivalente a \(\frac{1}{4}\) da circunferência) e o arco de octante mede \(\displaystyle \frac{\pi}{4} \mbox{ rad}\) (equivalente a \(\frac{1}{8}\) da circunferência).

Passagem de um sistema de unidades para outro

Consideremos um arco \(AM\) qualquer e designemos por \(s\), \(c\) e \(d\) as suas medidas nos sistemas sexagesinal, centesimal e circular, respetivamente. Necessitamos de estabelecer uma relação destas medidas com medidas já conhecidas, como por exemplo, a medida de um arco de semicircunferência, que é de \(180º\) no sistema sexagesimal, de \(200^{g}\) no centesimal e de \(\pi \mbox{ rad}\) no sistema circular. Como a razão entre grandezas da mesma espécie é o quociente das suas medidas relativamente a uma unidade comum, resulta que a razão entre o arco \(AM\) e a semicircunferência pode ser expressa pelos números \(\displaystyle \frac{s}{180}\), \(\displaystyle \frac{c}{200}\) ou por \(\displaystyle \frac{d}{\pi}\).

Como os três números anteriores são iguais então temos que:

\[\quad \frac{s}{180}=\frac{c}{200}=\frac{d}{\pi} \quad\]

Esta relação permite-nos, conhecendo a medida de um arco de circunferência num dos sistemas, determinar a medida desse mesmo arco num dos outros dois sistemas de unidades.

Referências

  1. J. Jorge G. Calado (1974) "Compêndio de Trigonometria" 4ªedição. Liv. Popular de Francisco Franco, Lisboa.






Criada em 2 de Janeiro de 2013
Revista em 23 de Maio de 2013
Aceite pelo editor em 30 de Setembro de 2017