Fosfolípidos
Referência : Oliveira, E., (2015) Fosfolípidos, Rev. Ciência Elem., V3(2):145
Autor: Eduardo Oliveira
Editor: Pedro Alexandrino Fernandes
DOI: [http://doi.org/10.24927/rce2015.145]
Os fosfolípidos são a família de lípidos predominante nas membranas celulares. Caracterizam-se por possuírem um álcool ligado por uma ponte fosfodiéster a um diacilglicerol ou a esfingosina.
São moléculas anfipáticas com uma “cabeça” hidrofílica (constituída pelo grupo fosfato e o álcool ligado a esse grupo, por exemplo serina, etanolamina ou colina) e uma longa “cauda” hidrofóbica (constituída por ácidos gordos ou hidrocarbonetos derivados dos ácidos gordos) (ver figura 1).
Nas membranas, dispõem-se de forma a que a região hidrofóbica fique em contacto com a região hidrofóbica de outros fosfolípidos ou com regiões não polares de outros constituintes da membrana, tais como colesterol, glicolípidos ou proteínas. A região hidrofílica (polar) dispõe-se voltada para o exterior, para o ambiente aquoso intracelular ou extracelular. Estas interacções dão origem à bicamada de fosfolípidos que é característica das membranas celulares (ver figura 1).
Há duas classes de fosfolípidos: os constituídos por glicerol, fosfoglicerídeos, e os constituídos por esfingosina, esfingofosfólipidos.
[editar] Classes de fosfolípidos
Fosfoglicerídeos
Nos fosfoglicerídeos, dois ácidos gordos ligam-se por uma ligação éster ao carbono C-1 e ao carbono C-2 do glicerol e um grupo altamente polar ou carregado liga-se ao carbono C-3 por uma ligação fosfodiéster.
O ácido fosfatídico (PA) é o fosfoglicerídeo mais simples e serve como precursor dos restantes fosfolípidos. O grupo fosfato do ácido fosfatídico pode ser esterificado com serina, etanolamina, colina, inositol ou glicerol dando ao origem aos seguintes fosfoglicerídeos:
- serina + PA = fosfatidilserina
- etanolamina + PA = fosfatidiletanolamina
- colina + PA = fosfatidilcolina
- inositol + PA = fosfatidilinositol
- glicerol + PA = fosfatidilglicerol
Os fosfoglicerídeos, de entre as várias classes de lípidos, são os mais abundantes nas membranas.
Esfingofosfolípidos
A esfingomielina é o único esfingolípido contendo fosfato relevante nos humanos. Em vez do glicerol, é utilizado esfingosina e o ácido gordo é ligado à esfingosina por uma ligação amida, formando ceramida. A esfingomielina é formada com a esterificação de fosforilcolina ou fosforiletanolamina ao grupo 1-hidróxido da ceramida (ver figura 2). Outros esfingolípidos desprovidos de fosfato (cerebrósidos e gangliósidos) têm papéis relevantes, ainda que incompletamente compreendidos, nas membranas celulares.
A esfingomielina é um constituinte importante da bainha de mielina, que envolve os axónios de algumas células do sistema nervoso.
[editar] Funções
Para além da função estrutural desempenhada pelos fosfolípidos na constituição das membranas celulares, também possuem outras funções.
Fonte de segundos mensageiros:
Os fosfolípidos são uma fonte de ácido araquidónico para a formação de eicosanóides (derivados de ácidos gordos com 20 carbonos com funções de sinalização).
A degradação de fosfatidilinositol-4,5-difosfato dá origem a dois segundos mensageiros, diacilglicerol e inositol trifosfato.
Um derivado de fosfolípidos, 1-alquil-2-acetilglicerol-3-fosfocolina (factor activador das plaquetas), é um potente activador e mediador de várias funções dos leucócitos, como a agregação de plaquetas e inflamação.
Ancoragem de proteínas às membranas
Algumas proteínas da superfície celular estão ligadas covalentemente, pelo grupo carboxilo do aminoácido terminal, a etanolamina que, por sua vez, se liga ao inositol do fosfolípido fosfatidilinositol.
[editar] Referências
H. Lodish, Molecular cell biology, Fifth Edition, W. H. Freeman: New York, 2004, ISBN: 0716743663
R. Garrett, C. Grisham, Biochemistry, Third Edition, Brooks Cole: 2004, ISBN: 0534490336.
Criada em 28 de Dezembro de 2010
Revista em 19 de Janeiro de 2011
Aceite pelo editor em 19 de Janeiro de 2011