Líquen
Referência : Munzi, S., Gouveia, C., (2018) Perguntem aos líquenes, Rev. Ciência Elem., V6(1):008
Autoras: Silvana Munzi e Catarina Gouveia
Editor: Rubim Almeida da Silva
DOI: [http://doi.org/10.24927/rce2018.008]
Um líquen é tradicionalmente considerado uma associação simbiótica obrigatória entre um fungo, o micobionte, e um organismo fotossintético, uma alga e/ou cianobactéria, o fotobionte. Contudo, estudos recentes mostram que os parceiros desta associação são mais do que 2 ou 3 e incluem leveduras e bactérias, embora o papel deles ainda seja para esclarecer. Os líquenes vivem em todos os ecossistemas terrestres, até nos mais extremos em termos de temperatura e humidade como os desertos e os polos, onde outras plantas não conseguem crescer. Na simbiose, o fotobionte fornece os produtos da fotossíntese, os carboidratos, enquanto o micobionte retira do ambiente, principalmente da atmosfera, água e nutrientes minerais. O fungo é também responsavel pela proteção mecânica da alga à seca e raios ultravioletas, pois na estrutura do líquen as células algais estão envolvidas pelas células do fungo. As cianobactérias, quando presentes, convertem azoto atmosférico em iões de amónio que são usados pela produção de aminoácidos.
Não dependendo do substrato onde se desenvolvem para alimentação, os líquenes podem desenvolver-se nos mais variados substratos, como pedras, árvores, solo, e até vidro, borracha e metal. Como não possuem órgãos de secreção ou de proteção, eles absorbem todos os elementos disponiveis no ambiente, incluido os poluentes que existam na atmosfera. Isto, junto com as caraterísticas fisiológicas e morfológicas deles, fazem dos líquens bons monitores da qualidade do ar.
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Criada em 11 de Janeiro de 2018
Revista em 26 de Janeiro de 2018
Aceite pelo editor em 14 de Março de 2018