Mostrar código-fonte de Biopesticidas: desafios para a investigação

== Resumo ==

Biopesticidas são formulações feitas a partir de materiais naturais (animais, plantas, bactérias ou minerais) que se destinam a matar ou controlar pragas (insetos), através de mecanismos de ação mais específicos, e ambientalmente amigáveis, em alternativa ao uso de pesticidas sintéticos. O uso de biopesticidas é crucial em programas de proteção integrada (PPI), por serem considerados produtos fitofarmacêuticos (PFFs) biológicos (bioPFFs) que protegem culturas contra pragas, através de uma abordagem eficiente, mais natural e ambientalmente sensível. No entanto, a avaliação e validação de novas metodologias deve ser considerada para estimar adequadamente a potencial toxicidade dos bioPFFS, com respostas biológicas que envolvam vários níveis de organização biológica.



<html>
<p class='mainText'>A agricultura representa um dos setores mais importantes da economia de um país. Com o
crescimento da população humana, associado ao aumento do consumo de alimentos per capita,
tem ocorrido um aumento das necessidades alimentares. Por conseguinte, observou-se
uma expansão das áreas agrícolas e, consequentemente, uma maior utilização de produtos
fitofarmacêuticos (PFFs), onde se incluem os pesticidas sintéticos, para combater várias pragas
agrícolas</html><ref><html>MOSSA, A.T. H. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30410930/">Safety of natural insecticides: toxic effects on experimental animals</a></em>, <em>BioMed Research International</em>. 2018. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1155/2018/4308054">10.1155/2018/4308054</a>.</html></ref><html><sup>,</sup> </html><ref><html>CHALLA, G. K. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30933757/">Bio-Pesticide applications may impair the pollination services and survival of foragers of honey bee, Apis Cerana Fabricius in Oilseed Brassica</a></em>, <em>Environ Pollut</em>, 249, 598–609. 2019. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1016/J.ENVPOL.2019.03.048">10.1016/J.ENVPOL.2019.03.048</a>.</html></ref><html><sup>,</sup> </html><ref><html>MOJIRI, A. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32276120/">Pesticides in aquatic environments and their removal by adsorption methods</a></em>, <em>Chemosphere</em>, 253, 126646. 2020. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1016/J.CHEMOSPHERE.2020.126646">10.1016/J.CHEMOSPHERE.2020.126646</a>.</html></ref><html>. Desde a década de 90 que se tem observado uma crescente preocupação
com uma produção agrícola mais sustentável e equilibrada com ciclos naturais dos ecossistemas,
o que levou a uma crescente tendência de substituição de PFFs sintéticos por biopesticidas
(bioPFFS)</html><ref><html>HERTLEIN, M. B. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20402353/">A review of spinosad as a natural product for larval mosquito control</a></em>, <em>J Am Mosq Control Assoc</em>, 26, 67–87. 2010. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.2987/09-5936.1">10.2987/09-5936.1</a>.</html></ref><html><sup>,</sup> </html><ref><html>BIONDI, A. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23109262/">The non-target impact of spinosyns on beneficial arthropods</a></em>, <em>Pest Manag Sci</em>, 68, 1523–1536. 2012. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1002/ PS.3396">10.1002/ PS.3396</a>.</html></ref><html><sup>,</sup> </html><ref><html>HASSAN, E. & GÖKÇE, A.,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://espace.library.uq.edu.au/view/UQ:356428">Advances in Plant Biopesticides</a></em>, <em>Springer, New Delhi</em>, pp. 361–379 ISBN: 9788132220060. 2014.</html></ref><html><sup>,</sup> </html><ref><html>LIU, Y. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://hal.science/hal-01284272/document">A 1961–2010 Record of fertilizer use, pesticide application and cereal yields: a review</a></em>, <em>Agronomy for Sustainable Development</em>,
35, 83–93. 2015. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1007/s13593-014-0259-9">10.1007/s13593-014-0259-9</a>.</html></ref><html><sup>,</sup> </html><ref><html>PINO-OTÍN, M. R. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30927731/">Ecotoxicity of a new biopesticide produced by Lavandula luisieri on non-target soil organisms from different trophic levels</a></em>, <em>Science of the Total Environment</em>, 671, 83–93. 2019. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2019.03.293">10.1016/j.scitotenv.2019.03.293</a>.</html></ref><html>. Desde 2015 que a América do Norte constitui o maior mercado
de bioPFFs, enquanto a Europa ocupa a segunda posição nesta utilização</html><ref><html>ACHEUK, F. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://www.mdpi.com/2218-273X/12/2/311">Status and prospects of botanical biopesticides in Europe and Mediterranean countries</a></em>, <em>Biomolecules</em>, 12, 311. 2022. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.3390/BIOM12020311">10.3390/BIOM12020311</a>.</html></ref><html>. Se o mercado de
vendas dos bioPFFs continuar a crescer, espera-se que o número de vendas destas alternativas
ecologicamente mais sustentáveis iguale o mercado de vendas dos seus homólogos
sintéticos, nos próximos 20 a 30 anos (FIGURA 1)</html><ref><html>BUTU, M. <em>et al.</em>,
<em>Biopesticides Volume 2: Advances in Bio-inoculants</em>, Woodhead Publishing, pp. 19–29. 2022. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1016/B978-0-12-823355-9.00010-9">10.1016/B978-0-12-823355-9.00010-9</a>.</html></ref><html>.</p>

  <p class='mainText'>Os bioPFFs, por serem de origem natural ou biológica são considerados mais “amigos do ambiente”
</html><ref><html><em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://www.epa.gov/pesticides/biopesticides#what">Biopesticides</a></em>.</html></ref><html>, e dividem-se em três categorias: i) substâncias naturais que controlam pragas — pesticidas
bioquímicos; ii) microrganismos (bactérias, fungos, vírus ou protozoários) que controlam
pragas — pesticidas microbianos; e iii) substâncias pesticidas produzidas por plantas contendo
material genético adicionado — protetores incorporados em plantas</html><ref><html><em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://www.epa.gov/pesticides/biopesticides#what">Biopesticides</a></em>.</html></ref><html><sup>,</sup> </html><ref><html>KUMAR, S.,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="http://dx.doi.org/10.4172/2155-6202.1000e107">Biopesticides: A need for food and environmental safety</a></em>, <em>Biofertilizers & Biopesticides</em>.</html></ref><html>.</p>

  <p class='mainText'>Após autorização pelos Estados-Membros da União Europeia (UE) os bioPFFs têm sido cada
vez mais utilizados na agricultura convencional e orgânica (biológica), pelo que o seu impacto
ambiental pode estar a ser desvalorizado, mesmo que atualmente já reconhecido</html><ref><html>LIU, Y. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://hal.science/hal-01284272/document">A 1961–2010 Record of fertilizer use, pesticide application and cereal yields: a review</a></em>, <em>Agronomy for Sustainable Development</em>,
35, 83–93. 2015. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1007/s13593-014-0259-9">10.1007/s13593-014-0259-9</a>.</html></ref><html><sup>,</sup> </html><ref><html>ANTWI, F. B. & REDDY, G.V. P.,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26509732/">Toxicological effects of pyrethroids on non-target aquatic insects</a></em>, <em>Environmental Toxicology and Pharmacology</em>,
40, 3, 915–923. 2015. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1016/J.ETAP.2015.09.023">10.1016/J.ETAP.2015.09.023</a>.</html></ref><html>. Por outro
lado, as áreas dedicadas à agricultura orgânica têm aumentado, pelo seu reconhecimento em
termos de segurança alimentar global (na UE, a área disponível para agricultura orgânica aumentou
46% entre 2012 e 2019; EUROSTAT); contudo tendo em conta o crescente aumento populacional
e necessidades alimentares, esta não é ainda, considerada sustentável.</p>

<br>
<figure class="image-medium">
    <img src="https://rce.casadasciencias.org/static/images/articles/2023-019-01.jpg">
</figure><center>
<figcaption>FIGURA 1. Estatísticas e previsões para o mercado global de pesticidas sintéticos e biopesticidas até 2063.
Nota: 100 biliões de dólares (109, americanos) = 100 mil milhões de dólares (10<sup>12</sup>, europeu).
</figcaption></center>
<br>

  <p class='mainText'>A organização com responsabilidades mais importantes na área de bioPFFs é a <em>Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Económico</em> (OCDE), através de seu <em>Grupo de Especialistas
em Biopesticidas</em> (anteriormente conhecido como <em>BioPesticides Steering Group</em>)</html><ref><html>BUTU, M. <em>et al.</em>,
<em>Biopesticides Volume 2: Advances in Bio-inoculants</em>, Woodhead Publishing, pp. 19–29. 2022. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1016/B978-0-12-823355-9.00010-9">10.1016/B978-0-12-823355-9.00010-9</a>.</html></ref><html>. Este grupo lidera
as ações para promover uma abordagem coerente dos limites reguladores de biopesticidas,
de forma a estabelecer documentos de orientação e, ao mesmo tempo, facilitar a comunicação,
disseminação e partilha de conhecimento, entre os vários intervenientes da área. Outras organizações
importantes nesta temática incluem a <em>Organização das Nações Unidas para Agricultura
e Alimentação</em> (FAO), a <em>Organização Mundial da Saúde</em> (OMS), a <em>Organização Internacional de
Controle Biológico</em> (IOBC) e a <em>Organização Europeia e Mediterrânea de Proteção Vegetal</em> (EPPO)</html><ref><html>BUTU, M. <em>et al.</em>,
<em>Biopesticides Volume 2: Advances in Bio-inoculants</em>, Woodhead Publishing, pp. 19–29. 2022. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1016/B978-0-12-823355-9.00010-9">10.1016/B978-0-12-823355-9.00010-9</a>.</html></ref><html>.</p>

  <p class='mainText'>No entanto, o líder mundial na regulamentação de biopesticidas é a <em>Agência de Proteção Ambiental
dos Estados Unidos</em> (EPA), por meio da divisão de <em>Biopesticidas e Prevenção da Poluição</em>,
criada em 1994, para o registo e autorização dos mesmos. Apenas mais tarde, em 2000, o
Departamento de Agricultura dos EUA criou os centros regionais para <em>Programas de Proteção
Integrada</em> (PPI). A nível Europeu, em 2002, foi criada a <em>Autoridade Europeia para a Segurança
Alimentar</em> (EFSA) (Regulamento (CE) n.º 178/2002), que tem como missão ser uma fonte independente
de aconselhamento científico, avaliação e comunicação dos riscos na utilização de
biopesticidas associados à cadeia alimentar. Em 2009, os estados membros da UE adotaram
a diretiva EC 2009/128 sobre o uso sustentável de PFFs, visando reduzir os riscos e impactes
do uso de pesticidas sintéticos, na saúde humana e no meio ambiente, promovendo também o
uso de PPI.</p>

  <p class='mainText'>Os bioPFFs são compostos importantes em PPI, uma vez que contribuem para a redução do
risco de resistência a PFFs sintéticos</html><ref><html>PRETTY, J. & PERVEZ, Z.,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://www.mdpi.com/2075-4450/6/1/152">Integrated pest management for sustainable intensification of agriculture in Asia and Africa</a></em>, <em>Insects</em>, 6, 152–
182. 2015. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.3390/insects6010152">10.3390/insects6010152</a>.</html></ref><html>, do risco de exposição para produtores agrícolas, bem
como para uma maior segurança alimentar (em termos de resíduos destes compostos nos
alimentos)</html><ref><html>VALLAD, G. E.,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="http://ipm.ifas.ufl.edu/pdfs/Bio-Pesticides_Slides_IPM_site.pdf">Use of Biopesticides for the Management of Vegetable Diseases of Plant Pathology</a></em>, <em>UF/IFAS Gulf Coast REC</em>.</html></ref><html>. Atualmente, cerca de 1400 bioPFFs estão aprovados em todo o mundo</html><ref><html>ACHEUK, F. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://www.mdpi.com/2218-273X/12/2/311">Status and prospects of botanical biopesticides in Europe and Mediterranean countries</a></em>, <em>Biomolecules</em>, 12, 311. 2022. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.3390/BIOM12020311">10.3390/BIOM12020311</a>.</html></ref><html>, embora
um número muito menor de autorizações seja considerado na Europa (cerca de 60 produtos)
devido ao exigente sistema regulador</html><ref><html><em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://food.ec.europa.eu/plants/pesticides/eu-pesticides-database_en">EU Pesticides Database</a></em>.</html></ref><html><sup>,</sup> </html><ref><html>MISHRA, J. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://www.researchgate.net/publication/269393407_Biopesticides_Where_We_Stand">Biopesticides: where we stand?</a></em>, <em>Springer, New Delhi</em>, pp. 37–75 ISBN: 9788132220688. 2015.</html></ref><html><sup>,</sup> </html><ref><html>ERBACH, G.,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://www.europarl.europa.eu/RegData/bibliotheque/briefing/2012/120291/LDM_BRI%282012%29120291_REV1_EN.pdf">Pesticide legislation in the EU towards sustainable sse of plant protection products</a></em>, <em>Library Briefing - Library of the European
Parliament</em>, 1–6. 2012.</html></ref><html>. A procura de biopesticidas está em constante desenvolvimento,
pois constituem alternativas mais benéficas em termos de segurança ambiental,
para substituir muitas substâncias ativas, que potencialmente serão excluídas a médio e longo
prazo, considerando os requisitos impostos pelas entidades reguladoras. No entanto, a sua extensa
aplicação ao longo dos anos, pode estar a resultar na sua acumulação nos diversos compartimentos ambientais, afetando, para além dos insetos (polinizadores), organismos terrestres,
aquáticos, e até os produtos finais (alimentos)</html><ref><html>MOJIRI, A. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32276120/">Pesticides in aquatic environments and their removal by adsorption methods</a></em>, <em>Chemosphere</em>, 253, 126646. 2020. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1016/J.CHEMOSPHERE.2020.126646">10.1016/J.CHEMOSPHERE.2020.126646</a>.</html></ref><html> (FIGURA 2). Apesar de serem na sua maioria fotodegradáveis,
os resíduos de bioPFFs podem afetar os vários ecossistemas, pois já foi demonstrado
que podem adsorver a matéria orgânica e solo/sedimento, devido à ausência de luz</html><ref><html>ANTWI, F. B. & REDDY, G.V. P.,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26509732/">Toxicological effects of pyrethroids on non-target aquatic insects</a></em>, <em>Environmental Toxicology and Pharmacology</em>,
40, 3, 915–923. 2015. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1016/J.ETAP.2015.09.023">10.1016/J.ETAP.2015.09.023</a>.</html></ref><html><sup>,</sup> </html><ref><html>OGUH, C. E. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://www.journalajbge.com/index.php/AJBGE/article/view/30063">Natural pesticides (biopesticides) and uses in pest management – a critical review</a></em>, <em>Asian Journal of Biotechnology and
Genetic Engineering</em>, 2, 3, 1–18. 2019.</html></ref><html>.
Além disso, as várias formulações comerciais contêm estabilizantes (excipientes) que podem
retardar a hidrólise e as taxas de fotodegradação</html><ref><html>MOSSA, A.T. H. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30410930/">Safety of natural insecticides: toxic effects on experimental animals</a></em>, <em>BioMed Research International</em>. 2018. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1155/2018/4308054">10.1155/2018/4308054</a>.</html></ref><html><sup>,</sup> </html><ref><html>BUTU, M. <em>et al.</em>,
<em>Biopesticides Volume 2: Advances in Bio-inoculants</em>, Woodhead Publishing, pp. 19–29. 2022. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1016/B978-0-12-823355-9.00010-9">10.1016/B978-0-12-823355-9.00010-9</a>.</html></ref><html>.</p>

<br>
<figure class="image-medium">
    <img src="https://rce.casadasciencias.org/static/images/articles/2023-019-02.jpg">
</figure><center>
<figcaption>FIGURA 2. Representação esquemática das principais vias responsáveis pelo impacte de biopesticidas
nos diferentes compartimentos ambientais.
</figcaption></center>
<br>

  <p class='mainText'>Ao longo dos anos, um aumento global da utilização de bioPFFs sobre PFFs sintéticos tem
sido observado</html><ref><html><em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://www.primalgroup.com/charting-rise-neem-agriculture/">Primal Group of Companies</a></em>.</html></ref><html> (FIGURA 1), sendo que os bioinsecticidas representam metade da participação
total deste mercado</html><ref><html>ACHEUK, F. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://www.mdpi.com/2218-273X/12/2/311">Status and prospects of botanical biopesticides in Europe and Mediterranean countries</a></em>, <em>Biomolecules</em>, 12, 311. 2022. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.3390/BIOM12020311">10.3390/BIOM12020311</a>.</html></ref><html>. As primeiras utilizações de bioPFFs datam de 1800, onde esporos de
fungos foram usados para controlar pragas de insetos</html><ref><html>BUTU, M. <em>et al.</em>,
<em>Biopesticides Volume 2: Advances in Bio-inoculants</em>, Woodhead Publishing, pp. 19–29. 2022. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1016/B978-0-12-823355-9.00010-9">10.1016/B978-0-12-823355-9.00010-9</a>.</html></ref><html>. No entanto, o primeiro bioinsecticida
reconhecido pelo mercado de biopesticidas (na Índia), foi a nicotina, no século XVII, para controlar
o besouro da ameixa, em estufas</html><ref><html>BUTU, M. <em>et al.</em>,
<em>Biopesticides Volume 2: Advances in Bio-inoculants</em>, Woodhead Publishing, pp. 19–29. 2022. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1016/B978-0-12-823355-9.00010-9">10.1016/B978-0-12-823355-9.00010-9</a>.</html></ref><html>. De seguida surgiram as piretrinas (extraídas de flores
do género <em>Chrysanthemum</em>) que foram usadas em sprays domésticos e industriais</html><ref><html>BUTU, M. <em>et al.</em>,
<em>Biopesticides Volume 2: Advances in Bio-inoculants</em>, Woodhead Publishing, pp. 19–29. 2022. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1016/B978-0-12-823355-9.00010-9">10.1016/B978-0-12-823355-9.00010-9</a>.</html></ref><html>. Com 80%
das vendas globais, as piretrinas naturais são líderes mundiais no mercado de bioinsecticidas,
devido à sua elevada eficiência, sendo utilizadas em mais de 2000 formulações comerciais,
com várias aplicações (agricultura, veterinária e aquacultura)</html><ref><html>MOSSA, A.T. H. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30410930/">Safety of natural insecticides: toxic effects on experimental animals</a></em>, <em>BioMed Research International</em>. 2018. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1155/2018/4308054">10.1155/2018/4308054</a>.</html></ref><html><sup>,</sup> </html><ref><html>SMAN, M. B.,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16332203/">Botanical insecticides, deterrents, and repellents in modern agriculture and an increasingly regulated world</a></em>, <em>Annu. Rev.
Entomol</em>, 51, 45–66. 2006. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1146/annurev.ento.51.110104.151146">10.1146/annurev.ento.51.110104.151146</a>.</html></ref><html>. De acordo com o relatório
AGROW (<em>New Developments in Crop Protection Product Formulation</em>) sobre biopesticidas, divulgado
em 2019, a maior participação no mercado de vendas de biopesticidas em 2020 incidiu
sobre os bioinsecticidas (47%)</html><ref><html>BUTU, M. <em>et al.</em>,
<em>Biopesticides Volume 2: Advances in Bio-inoculants</em>, Woodhead Publishing, pp. 19–29. 2022. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1016/B978-0-12-823355-9.00010-9">10.1016/B978-0-12-823355-9.00010-9</a>.</html></ref><html>.</p>

<br>

  <p class='mainText'><strong>Formulações de biopesticidas — desafios para a investigação e perspetivas futuras.</strong></p>

  <p class='mainText'>Alguns estudos sugerem que alguns biopesticidas podem ser tão eficientes (como pesticidas
sintéticos (dimetoato, piretróides e neonicotinoides, como o imidaclopride)</html><ref><html>ZANUNCIO, J. C. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://www.nature.com/articles/srep30261">Toxic effects of the neem oil (Azadirachta indica) formulation on the stink bug predator, Podisus nigrispinus (Heteroptera: Pentatomidae)</a></em>, <em>Scientific Reports</em>, 6, 1–8. 2016. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1038/srep30261">10.1038/srep30261</a>.</html></ref><html><sup>,</sup> </html><ref><html>GONÇALVES, M. F. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://www.researchgate.net/publication/257790668_Efficacy_of_spinosad_bait_sprays_to_control_Bactrocera_oleae_and_impact_on_non-target_arthropods">Efficacy of spinosad bait sprays to control Bactrocera oleae and impact on non-target arthropods</a></em>, <em>Phytoparasitica</em>,
40, 17–28. 2011. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1007/s12600-011-0195-z">10.1007/s12600-011-0195-z</a>.</html></ref><html>. Se os biopesticidas
são eficientes contra pragas, possivelmente também são bioativos ao atingir o solo e
compartimentos aquáticos, uma vez que algumas vias metabólicas e funções fisiológicas são
conservadas evolutivamente, entre organismos (alvo e não–alvo)</html><ref><html>MOSSA, A.T. H. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30410930/">Safety of natural insecticides: toxic effects on experimental animals</a></em>, <em>BioMed Research International</em>. 2018. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1155/2018/4308054">10.1155/2018/4308054</a>.</html></ref><html>. Portanto, é essencial obter
mais informação sobre a potencial toxicidade ambiental dos biopesticidas. Mais ainda quando
estes têm apenas de cumprir requisitos mínimos para autorização e comercialização de PFFs
pela UE (regulamentos da Comissão da UE — n.º 1107/2009; n.º 283/2013; n.º 284/2013)
tais como avaliação da inibição do crescimento, reprodução, mortalidade; valores de toxicidade
(NOEC — Concentração sem efeito tóxico observado; LOEC — Concentração mais baixa com
efeito tóxico observado; e ECx — concentração de efeito na qual ocorreu x% efeito tóxico) podendo
ser insuficientes para uma avaliação de risco ambiental (ARA) adequada e consistente. Neste sentido, várias linhas de investigação têm de ser definidas (FIGURA 3) numa avaliação
integrada que inclua parâmetros mais sensíveis e ferramentas de alerta precoce (parâmetros
sub-individuais: biomarcadores moleculares, celulares), para evitar e prevenir danos em níveis
organizacionais mais elevados (respostas individuais ou populacionais que se refletem pela
inibição do crescimento, reprodução ou mortalidade).</p>

  <p class='mainText'>Estudos prévios sugerem que uma ARA adequada para bioPFFs pode ser obtida através do
seu refinamento com base em investigações ecotoxicológicas interdisciplinares</html><ref><html>ARENA, M. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://www.efsa.europa.eu/en/efsajournal/pub/5234">Peer review of the pesticide risk assessment of the active substance azadirachtin (Margosa Extract)</a></em>, <em>EFSA Journal</em>, 16,
9. 2018. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.2903/J.EFSA.2018.5234">10.2903/J.EFSA.2018.5234</a>.</html></ref><html><sup>,</sup> </html><ref><html>ARENA, M. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://efsa.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.2903/j.efsa.2018.5252">Peer review of the pesticide risk assessment of the active substance spinosad</a></em>, <em>EFSA Journal</em>, 16, 5. 2018. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.2903/J.EFSA.2018.5252">10.2903/J.EFSA.2018.5252</a>.</html></ref><html><sup>,</sup> </html><ref><html>MIARD-TRIQUET, C. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://www.sciencedirect.com/book/9780128009499/aquatic-ecotoxicology">Aquatic Ecotoxicology: Advancing Tools for Dealing with Emerging Risks</a></em>, <em>Predictive ecotoxicology and environmental
assessment</em>, 463–496. 2015. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1016/B978-0-12-800949-9.00019-X">10.1016/B978-0-12-800949-9.00019-X</a>.</html></ref><html><sup>,</sup> </html><ref><html>OECD,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://one.oecd.org/document/env/jm/mono(2019)8/en/pdf">Environment Directorate, Joint Meeting of the ChemicalsCommittee and the Working Party on Chemicals, Pesticides and Biotechnology</a></em>, <em>Report of the 9th Biopesticides Expert Group Seminar on Test Methods for Micro-Organisms Series on Pesticides</em>. 2019.</html></ref><html>, incluindo
áreas como biologia molecular e celular, bioquímica, genética, agronomia, fisiologia,
ecologia, toxicologia e ciências ambientais (FIGURA 3). No entanto, as informações obtidas
nessas diferentes áreas de pesquisa ainda são muito escassas e dispersas, o que não nos permite
entender o real impacte dos bioPFFs nos ecossistemas. Tem sido altamente recomendada
a avaliação e validação de novas ferramentas ecotoxicológicas, com organismos não-alvo
(peixes, invertebrados de água doce, polinizadores), para avaliar adequadamente a potencial
toxicidade dos bioPFFs (FIGURA 3), com respostas biológicas que vão desde os níveis moleculares
até ao nível do organismo/população</html><ref><html>ARENA, M. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://www.efsa.europa.eu/en/efsajournal/pub/5234">Peer review of the pesticide risk assessment of the active substance azadirachtin (Margosa Extract)</a></em>, <em>EFSA Journal</em>, 16,
9. 2018. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.2903/J.EFSA.2018.5234">10.2903/J.EFSA.2018.5234</a>.</html></ref><html><sup>,</sup> </html><ref><html>ARENA, M. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://efsa.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.2903/j.efsa.2018.5252">Peer review of the pesticide risk assessment of the active substance spinosad</a></em>, <em>EFSA Journal</em>, 16, 5. 2018. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.2903/J.EFSA.2018.5252">10.2903/J.EFSA.2018.5252</a>.</html></ref><html><sup>,</sup> </html><ref><html>AMIARD-TRIQUET, C. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://www.sciencedirect.com/book/9780128009499/aquatic-ecotoxicology">Aquatic Ecotoxicology: Advancing Tools for Dealing with Emerging Risks</a></em>, <em>Predictive ecotoxicology and environmental
assessment</em>, 463–496. 2015. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1016/B978-0-12-800949-9.00019-X">10.1016/B978-0-12-800949-9.00019-X</a>.</html></ref><html><sup>,</sup> </html><ref><html>OECD,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://one.oecd.org/document/env/jm/mono(2019)8/en/pdf">Environment Directorate, Joint Meeting of the ChemicalsCommittee and the Working Party on Chemicals, Pesticides and Biotechnology</a></em>, <em>Report of the 9th Biopesticides Expert Group Seminar on Test Methods for Micro-Organisms Series on Pesticides</em>. 2019.</html></ref><html>.</p>

<br>
<figure class="image-medium">
    <img src="https://rce.casadasciencias.org/static/images/articles/2023-019-03.jpg">
</figure><center>
<figcaption>FIGURA 3. Investigação interdisciplinar essencial para a avaliação e gestão de riscos, e consequentes decisões
regulatórias, através da avaliação de impactos dos biopesticidas para os diferentes ecossistemas</html><ref><html>AMIARD-TRIQUET, C. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://www.sciencedirect.com/book/9780128009499/aquatic-ecotoxicology">Aquatic Ecotoxicology: Advancing Tools for Dealing with Emerging Risks</a></em>, <em>Predictive ecotoxicology and environmental
assessment</em>, 463–496. 2015. 

DOI: <a class="a-link" target="_blank"
                href="http://doi.org/10.1016/B978-0-12-800949-9.00019-X">10.1016/B978-0-12-800949-9.00019-X</a>.</html></ref><html>.
</figcaption></center>
<br>

  <p class='mainText'>No entanto, existem várias críticas sobre o processo de validação e aprovação de bioPFFs,
observando-se que diferentes partes interessadas (produtores, indústria, legisladores) têm
opiniões diferentes</html><ref><html>BUCKWELL, A. <em>et al.</em>,
<em><a class="a-link" target="_blank"
                href="https://croplifeeurope.eu/wp-content/uploads/2021/03/RISE_CP_EU_final.pdf">Crop Protection & the EU Food System: Where Are They Going? Rise Foundation</a></em>, <em>Brussels</em>. 2020.</html></ref><html>. A conclusão é que apesar da UE recomendar um quadro regulamentar
para a sua estratégia de proteção das culturas, com requisitos bem definidos, é necessária uma
caracterização mais completa e consistente dos bioPFFs, com metodologias e análises de resultados mais claras, com melhor monitorização dos processos de validação e atualização das
ferramentas de avaliação de toxicidade. Nesta perspetiva, os avanços do conhecimento científico
devem garantir a sustentabilidade e equilíbrio dos compartimentos ambientais (solo, água
e ar), a médio e a longo prazo.</p>
</html>