Arqueobactéria
Referência : Moreira, C., (2014) Arqueobactéria, Rev. Ciência Elem., V2(2):138
Autor: Catarina Moreira
Editor: José Feijó
DOI: [http://doi.org/10.24927/rce2014.138]
Nota: O nome Arqueobacteria actualmente é equivalente a Archaea.
O domínio Archaea (Woese et al 1990), constitui um grupo de organismos procariontes que vivem em habitats com condições extremas, por exemplo, de salinidade, pouco oxigénio, elevadas temperaturas e pH muito baixo ou muito elevado.
Embora as diferentes arqueobactérias sejam organismos muito diferentes entre si, partilham algumas características que lhes são únicas, como por exemplo a ausência de peptidoglicanos nas paredes celulares e a existência de lípidos com um composição particular A sua relação de proximidade é também confirmada pelas sequências de RNA ribossómico. Foi a partir da sequenciação do primeiro genoma de uma arqueobactéria – 1738 genes (ver “Genoma”), em que mais de metade eram diferentes de todos os outros – que se esclareceu a separação deste domínio dos domínios Eukarya e Eubacteria. No entanto, os Archaea são sensíveis a antibióticos que também afectam os Eukarya mas que não afectam os Bactéria.
Quanto aos lipídos presentes nas membranas, ao contrário das longas cadeias de ácidos gordos não ramificadas ligados a glicerol por ligações éster e das membranas com bicamadas lipídicas presentes em Eukarya e Eubacteria, possuem longas cadeias de ácidos gordos ramificadas ligados ao glicerol por ligações éter. Alguns lipídos dos Archaea possuem glicerol em ambas as extremidades das cadeias de ácidos gordos, permitindo estruturas membranares – bicamada lipídica – semelhantes às dos Eukarya e Eubacteria.
Figura 1. Lipídos membranares dos domínios Eubacteria, Eukarya e Archaea.
Topo: membrana de um Archaea 1-cadeia de isopropeno, 2-ligação éter, 3-L-glicerol, 4-grupo fosfato. Meio: membrana de Bacteria e Eukarya: 5-ácidos gordos, 6-ligação éster, 7-D-glicerol, 8-grupo fosfato. Em baixo: 9-bicamada lipidica em Bacteria, Eukarya e na maioria dos Archaea, 10-monocamda lipidca em alguns Archaea. Os Archaea podem ser encontrados em ambientes extremos de elevadas temperaturas, por vezes muito ácidos, por vezes extremamente salgados e até dentro do tubo intestinal dos animais. Os quatro Phyla deste domínio identificam bem as condições extremas onde vivem: hipertermófilos, metanogénicos, halófilos (ou halófitos) extremos e um outro Phylum ao qual pertence apenas um género, Thermoplasma.
- Hipertermófilos: vivem em ambientes de elevadas temperaturas e muito ácidos como as fontes sulfurosas com temperaturas entre os 70-75ºC e pH entre 2-3.
- Metanogénicos: organismos que produzem metano (CH4) a partir da redução do dióxido de carbono (CO2). Todos estes organismos são anaeróbios obrigatórios e a produção de metano é fundamental no seu metabolismo.
- Halófilos (ou halófitos) extremos: vivem exclusivamente em ambientes com elevada salinidade. Por conterem carotenóides cor-de-rosa são facilmente visíveis em determinadas circunstâncias.
- Thermoplasma: com apenas um género estes procariotas não possuem parede celular, são termófilos e acidófilos, têm um metabolismo aeróbico e vivem em depósitos de carvão.
Palavras chave: domínio, procarionte, Eukarya, Bacteria, Archaea
Referências consultadas:
Woese CR, Kandler O, Wheelis ML (1990). "Towards a natural system of organisms: proposal for the domains Archaea, Bacteria, and Eucarya"[1]. Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. 87 (12): 4576–9.
Archaea (http://flaggedrevs.labs.wikimedia.org/wiki/Archaea)
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