Ião

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Referência : Fernandes, R.F., (2014) Ião, Rev. Ciência Elem., V2(1):123
Autor: Ricardo Ferreira Fernandes
Editor: Jorge Gonçalves
DOI: [http://doi.org/10.24927/rce2014.123]
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O ião é um átomo ou uma molécula que adquire carga pelo ganho ou pela perda de electrões. Um ião com carga positiva é denominado catião (e.g. Li+, NH4+) e um ião com carga negativa é designado por anião (e.g. F-, CH3COO-).


O termo ião deriva do grego e significa “o que vai”; tendo sido usado pela primeira vez por Michael Faraday,[1] em 1834, para descrever as entidades (átomos ou moléculas), com carga positiva ou negativa, que se deslocavam durante os processos electroquímicos em direcção aos pólos (eléctrodos, cátodo e ânodo). Posteriormente, Svante Arrhenius, na sua tese de doutoramento, em 1884, propôs que os ácidos, as bases e os sais, quando dissolvidos em água, se dissociavam nos iões de carga oposta que os constituíam.[2-4] Inicialmente, a sua teoria não foi bem aceite, e, por isso, o seu doutoramento foi classificado com a nota mais baixa possível. No entanto, este trabalho levou a que lhe fosse atribuído, em 1903, o Nobel da Química.


Os iões apresentam funções fundamentais no funcionamento do organismo. Por exemplo, o catião cálcio (Ca2+) é essencial na constituição dos ossos e dentes. O cloreto de sódio (NaCl), um dos principais componentes iónicos do plasma sanguíneo, que apresenta uma concentração de 0.9 % em massa, é importante na regulação ósmotica do organismo. Por este motivo, uma das medidas clínicas efectuadas num paciente, quando este se encontra desidratado, ou perdeu muito sangue, é a administração de soro fisiológico (solução aquosa de 0.9 % m/m em NaCl) de modo a repor a concentração de electrólitos no organismo.


No interior das células, o catião potássio (K+) encontra-se em concentração bastante superior (devido ao transporte activo) do que o catião sódio (Na+) no plasma sanguíneo. Esta diferença de concentrações provoca um gradiente electroquímico em toda a membrana celular que, por exemplo, é usado para gerar um sinal eléctrico que regula o batimento cardíaco.


O catião ferro, em conjunto com a hemoglobina, transporta o oxigénio dos pulmões até às células. O anião carbonato (CO32-) em equilíbrio com o anião hidrogenocarbonato (HCO3-), regula o pH do sangue, mantendo-o num intervalo entre 7.35 e 7.45.


Referências

1. http://www.chemteam.info/Chem-History/Faraday-electrochem.html

2. http://nobelprize.org/nobel_prizes/chemistry/laureates/1903/arrhenius-bio.html

3. http://www.chemteam.info/Chem-History/Arrhenius-dissociation.html

4. http://www.chemheritage.org/classroom/chemach/electrochem/arrhenius.html




Criada em 8 de Fevereiro de 2010
Revista em 8 de Setembro de 2010
Aceite pelo editor em 13 de Setembro de 2010