https://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=As_algas_na_alimenta%C3%A7%C3%A3o&feed=atom&action=historyAs algas na alimentação - História de revisão2024-03-28T23:29:20ZHistórico de edições para esta página nesta wikiMediaWiki 1.21.1https://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=As_algas_na_alimenta%C3%A7%C3%A3o&diff=29514&oldid=prevAdmin: Criou nova página com '<span style="font-size:8pt"><b>Referência : </b> Pereira, L., (2021) ''As algas na alimentação'', [https://rce.casadasciencias.org Rev. Ciência Elem.], V9(1):006 <br>...'2021-03-17T17:12:55Z<p>Criou nova página com '<span style="font-size:8pt"><b>Referência : </b> Pereira, L., (2021) ''As algas na alimentação'', [https://rce.casadasciencias.org Rev. Ciência Elem.], V9(1):006 <br>...'</p>
<p><b>Nova página</b></p><div><span style="font-size:8pt"><b>Referência : </b> Pereira, L., (2021) ''As algas na alimentação'', [https://rce.casadasciencias.org Rev. Ciência Elem.], V9(1):006<br />
<br><br />
<span style="font-size:8pt"><b>Autor</b>: <i>Leonel Pereira</i></span><br><br />
<span style="font-size:8pt"><span style="font-size:8pt"><b>Editor</b>: <i>[[Usu&aacute;rio:Jfgomes47|José Ferreira Gomes]]</i></span><br><br />
<span style="font-size:8pt"><b>DOI</b>: <i>[[https://doi.org/10.24927/rce2021.006 https://doi.org/10.24927/rce2021.006]]</i></span><br><br />
<html><a href="https://rce.casadasciencias.org/rceapp/static/docs/artigos/2021-006.pdf" target="_blank"><br />
<img src="https://rce.casadasciencias.org/static/images/layout/pdf.png" alt="PDF Download"></a></html><br />
----<br />
<br />
<br />
== Resumo ==<br />
<br />
<br />
De entre as espécies da rica flora algológica da costa portuguesa, algumas podem ser utilizadas para consumo direto na alimentação humana, embora nenhuma seja atualmente colhida em larga escala e/ou comercializada para esse fim. A tradição europeia no que se refere a esse costume é praticamente nula e a expressão dos hábitos alimentares atuais pouco difere dos passados. Na Europa, só em períodos de fome (por exemplo, durante as Grandes Guerras) é que as algas foram consumidas por populações habitantes de locais mais próximo da costa.<br />
<br />
Para além das múltiplas aplicações, já abordadas e que se expandiram enormemente nos últimos 50 anos, tendo como base os ficocolóides (agar, carragenanas e alginatos) - utilizados como espessantes na indústria alimentar, em sopas, conservas de carne, produtos lácteos e pastelaria — observa-se uma tendência para o aumento do consumo quer na América do Norte, quer também na Europa, particularmente em França.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<html><br />
<p class='mainText'>Os critérios para a procura e seleção das espécies comestíveis com valor comercial assentam,<br />
num primeiro plano, na textura e sabor de cada alga (mais do que no valor nutritivo)<br />
e, num segundo plano, na criação de novos hábitos alimentares dietéticos no Ocidente, isto<br />
é, no valor calórico ou benéfico para a saúde. Em Portugal não existe legislação específica<br />
que regule este novo ramo alimentar uma vez que a pressão do mercado sobre estes produtos<br />
é ainda frágil, embora a procura de produtos dietéticos e macrobióticos e a diversificação<br />
dos hábitos alimentares esteja em franco crescimento, o que configura, para breve,<br />
uma alteração deste cenário.</p><br />
<br />
<p class='mainText'>Nesse contexto e até como contributo para alavancar esse ponto de viragem, tendo em<br />
conta que praticamente todas as algas alimentares consumidas no nosso país são importadas<br />
(apesar de várias dessas espécies, ou algas similares, se encontram na nossa costa),<br />
é importante dar a conhecer com mais detalhe, as algas que potencialmente são comestíveis<br />
e presentes na flora portuguesa e, desta forma, alertar para um tipo de investimento<br />
sustentável, capaz de acompanhar as necessidades e as tendências do mercado lusófono<br />
e internacional, gerador de emprego (direto e indireto) e de retornos interessantes a médio<br />
prazo.</p><br />
<br />
<br><br />
<br />
<p class='mainText'><strong>Algas da flora portuguesa passíveis de integrarem a dieta humana</strong></p><br />
<br />
<p class='mainText'>Atualmente, a sociedade dos países ocidentais, ditos desenvolvidos, vive mergulhada<br />
numa ilusória abundância e diversidade alimentar. Somos impelidos para o consumo sem<br />
regras ou cuidados alimentares e para a comida rápida, rica em calorias e gorduras insaturadas.<br />
Esta, aparece como a resposta milagrosamente adequada ao ritmo frenético da<br />
vida urbana - tanto que até já adotamos a designação de comida pronta, ou <em>fast food</em> como<br />
um estilo e perceção errónea de uma realidade, em que a comida é vista meramente como<br />
doses de combustível orgânico para suprir as nossas necessidades energéticas mais imediatas.<br />
As consequências de uma alimentação deste tipo (antagónica à tradicional <em>slow<br />
food</em>, ou comida caseira e regional, apurada com maior preceito e cuidado), onde a carência<br />
de nutrientes essenciais é evidente, traduzem-se em doenças relacionadas com a obesidade<br />
(e doenças colaterais, dela derivadas), bem como aquelas relacionadas com ingestão<br />
excessiva de açúcares (diabetes) e de gorduras (arteriosclerose), entre outras.</p><br />
<br />
<p class='mainText'>Por outro lado, essa ilusão não se expressa com o mesmo impacto em países subdesenvolvidos<br />
ou nos de transição, vistos sob uma perspetiva económica, ou ainda naqueles<br />
ditos emergentes - muito embora nestes últimos a tendência seja mais para a sua consolidação<br />
imposta, do que para a sua erradicação. Países como o Brasil, com uma costa<br />
considerável, enfrentam o mesmo dilema e têm ante si o caminho que Portugal pode trilhar,<br />
onde as práticas alimentares podem e devem ser adaptadas face aos recursos locais.<br />
Países menos desenvolvidos, mas com uma linha de costa apreciável - como Angola e<br />
Moçambique, dentro da cintura de países lusófonos, por exemplo - poderão adotar novas<br />
estratégias alimentares como forma de suprimir as fortes carências ainda sentidas.</p><br />
<br />
<p class='mainText'>A questão que se coloca, chegados a este ponto de consciência, é simples — que aporte<br />
ou benefícios poderão trazer as algas marinhas à dieta humana, em termos de alimentação,<br />
gastronómicos ou dietéticos?</p><br />
<br />
<p class='mainText'>A resposta parece simples face ao conhecimento atual — representam exatamente o<br />
oposto ao conceito de <em>fast food</em>: um alimento natural, por enquanto silvestre e abundante<br />
(e com um índice de crescimento capaz de sustentar uma cultura intensiva), capaz de<br />
fornecer um elevado valor nutritivo, mas reduzido valor calórico. Pobres em gorduras, as<br />
algas marinhas possuem polissacarídeos que se comportam, na sua grande maioria, como<br />
fibras sem valor calórico. As algas parecem ser, por isso, a melhor forma de corrigir não<br />
só a falta de alimento para ingestão, como as carências nutricionais da alimentação atual<br />
sentidas a nível mundial (nos países desenvolvidos, emergentes e/ou subdesenvolvidos),<br />
devido ao seu variado leque de constituintes essenciais - minerais (ferro e cálcio), proteínas<br />
(com todos os aminoácidos essenciais), vitaminas e fibras - nutrientes absolutamente<br />
necessários para o metabolismo primário humano. São pois um garante de sobrevivência,<br />
a que o ser humano, mais tarde ou mais cedo, irá recorrer, agora mais por capricho e curiosidade<br />
(mercê de alguns trabalhos pioneiros e investimentos que começam a dar os seus<br />
frutos) e mais tarde, por evidente necessidade, e para suprir as demandas de uma população<br />
humana em crescimento explosivo e que em breve atingirá 8 mil milhões de pessoas,<br />
cada vez mais concentrada na Ásia e África.</p><br />
<br />
<p class='mainText'>De facto, as algas representam um tesouro alimentar de elevado potencial. Da sua composição<br />
analítica das algas marinhas destacam-se:</p><br />
<br />
<p class='mainText'><br />
<ul><br />
<li>Presença de minerais (oligoelementos) com valores cerca de dez vezes superiores<br />
aos encontrados nos vegetais terrestres, como no caso do ferro na <em>Himanthalia<br />
elongata</em> (Esparguete-do-mar) (FIGURA 1A)), em comparação com o da Lens<br />
esculenta (lentilhas) ou, no caso do cálcio presente na Undaria pinnatifida (<em>Wakame</em>)<br />
(FIGURA 1B)) e no <em>Chondrus crispus</em> (“musgo irlandês” ou simplesmente “musgo”) (FIGURA 1G)), relativamente ao leite de vaca, tão consumido e publicitado como<br />
fortificador ósseo;</li><br />
<li>Presença de proteínas, macromoléculas importantíssimas para a construção de novos<br />
tecidos animais, que contêm todos os aminoácidos essenciais, constituindo um<br />
modelo de proteína de alto valor biológico, comparável em qualidade às presentes<br />
nos ovos das aves;</li><br />
<li>Presença de vitaminas em quantidades significativas. Merece especial relevo a<br />
presença de B<sup>12</sup>, ausente nos vegetais superiores e que é indispensável para a formação<br />
das células sanguíneas (eritrócitos) e manutenção do sistema nervoso dos<br />
animais;</li><br />
<li>Presença de fibras em quantidades superiores ao encontrado na alface e semelhante<br />
à da <em>Brassica oleracea</em> (alface e couve, respetivamente) e, portanto, com um<br />
potencial regulador digestivo que as ultrapassa;</li><br />
<li>O seu baixo conteúdo em gorduras e valor calórico, transforma-as em alimentos<br />
adequados para regimes de emagrecimento, se integradas numa dieta estrategicamente<br />
programada.</li><br />
</ul><br />
</p><br />
<br />
<br><br />
<br />
<p class='mainText'><strong>Alguns exemplos de algas comestíveis comercializadas em Portugal</strong></p><br />
<br />
<p class='mainText'><em>Wakame</em> (<em>Undaria pinnatifida</em>) (FIGURA 1B)) – é uma alga castanha (Ochrophyta, Phaeophyceae),<br />
originária do Pacífico, que vive em águas profundas (até 25 m) e pode atingir 1,5 m<br />
de comprimento. O <em>Wakame</em> é a segunda alga mais consumida, na alimentação, em todo<br />
o mundo. Procedente, quase na totalidade, dos mares do Japão, Coreia e China (aquacultura,<br />
ou mais especificamente ficocultura), atinge um volume de produção anual de 500<br />
mt (peso fresco). Detetou-se a sua presença, pela primeira vez em 1988, nas costas da<br />
Península Ibérica (Galiza), embora já anteriormente tivesse sido referenciada em França<br />
(também introduzida acidentalmente, com a cultura de ostra japonesa.</p><br />
<br />
<p class='mainText'>Dulse (<em>Palmaria palmata</em>) (FIGURA 1C)) - é uma alga vermelha (Rhodophyta), tipicamente<br />
atlântica, de pequeno porte (até 50 cm), que vive em águas relativamente profundas,<br />
frias e agitadas. A <em>Palmaria palmata</em> cresce muitas vezes fixada a outras algas (aderida<br />
aos estipes de Laminaria hyperborea, por exemplo) - um fenómeno frequente nas algas,<br />
denominado epifitismo. Esta é uma das mais belas algas vermelhas da nossa costa e foi<br />
a primeira espécie a ser referenciada historicamente como alimento humano, sabendo-se<br />
que foi tradicionalmente utilizada pelos povos costeiros da Islândia, Noruega, Irlanda, Escócia<br />
e Bretanha francesa. Atualmente usa-se fresca, no norte da Europa, como substituto<br />
de vegetais e seca como aperitivo e condimento de diversos pratos.</p><br />
<br />
<p class='mainText'>Esparguete-do-Mar (<em>Himanthalia elongata</em>) (FIGURA 1A)) – é uma alga castanha (Ochrophyta,<br />
Phaeophyceae), de cor amarelo-oliváceo, constituída por uma pequena estrutura basal<br />
perene, em forma de taça, com 2 a 3 cm. Na primavera desenvolvem-se a partir dela umas<br />
cintas estreitas e compridas, que dão o nome comercial a esta alga (<em>esparguete-do-mar</em>),<br />
chegando a medir até 3 m de comprimento. A sua distribuição geográfica abrange o Atlântico<br />
Norte, até as costas ibéricas e o Canal da Mancha. Desconhecida comercialmente nos<br />
países asiáticos, é cada vez mais valorizada na Europa, tanto nos restaurantes como nas<br />
padarias especializadas. Há já vários anos que se fabricam empadas, pizzas, massas, patês,<br />
pães, aperitivos fritos e latas de conserva, visto que o seu sabor faz lembrar alguns<br />
cefalópodes (chocos). É, de entre as espécies atlânticas, uma das algas com maior sucesso e aceitação, e, ao mesmo tempo, uma das mais baratas (devido à sua grande biomassa<br />
e facilidade de recolha nas zonas costeiras).</p><br />
<br />
<p class='mainText'><em>Kombu</em> ( Laminaria ochroleuca e Saccharina latissima) - o Kombu japonês, ou seja, o<br />
Kombu original, é constituído apenas pela Saccharina japonica, alga nativa dos mares do<br />
Japão e que já é objeto de práticas de cultivo neste país, na Coreia e na China. Outras<br />
espécies são igualmente agrupadas, em termos de designação comercial, sob o epíteto<br />
de Kombu. A espécie Saccharina latissima (anteriormente denominada <em>Laminaria saccharina</em>)<br />
(FIGURA 1E)), apesar de ser uma alga de profundidade e com preferência por zonas<br />
com águas tranquilas, está presente no Atlântico Norte, desde a Noruega até ao Norte de<br />
Portugal (Viana do Castelo). Comercialmente esta alga tem o nome <em>Kombu real</em>, sendo a<br />
sua composição muito semelhante à da Laminaria ochroleuca (FIGURA 1D)), denominada<br />
comercialmente por <em>Kombu atlântico</em>. Este último <em>Kombu</em> é um pouco mais duro que o<br />
<em>Kombu</em> japonês e distribui-se na Península Ibérica desde Santander, na Cantábria, até o<br />
Minho, em Portugal.</p><br />
<br />
<p class='mainText'><em>Nori</em> (<em>Neopyropia, Pyropia e Porphyra</em>) – O <em>Nori</em> original é feito a partir das algas vermelhas<br />
(Rhodophyta) <em>Neopyropia yezoensis</em> e <em>N. tenera</em>, cultivadas no Japão desde o século<br />
XV. A palavra <em>Nori</em>, na sua origem, quer dizer alga. No entanto, com o passar do tempo,<br />
esta palavra passou a designar o produto elaborado com as lâminas de algas do género<br />
Porphyra. O <em>Nori</em> consiste então em lâminas delgadas fabricados a partir de alga triturada,<br />
que servem de invólucro dos conhecidos <em>sushi</em> japoneses. O <em>Nori atlântico</em>, feito a<br />
partir de algas selvagens dos géneros <em>Porphyra</em> (<em>P. umbilicalis</em> (FIGURA 1F)) e <em>P. linearis</em>)<br />
e <em>Neopyropia</em> (<em>N. leucosticta</em>), era consumida tradicionalmente nos países celtas do<br />
Norte e também nos Açores, bem como no País de Gales e na Irlanda, geralmente como<br />
ingrediente na preparação de um pão ázimo (sem fermento), conhecido por <em>laverbread</em>.<br />
o <em>Nori</em> é, não só uma das algas mais apreciadas e procuradas, como também a mais cara<br />
comercialmente.</p><br />
<br />
<p class='mainText'>Musgo da Irlanda (<em>Chondrus crispus</em>) (FIGURA 1G)) – esta alga vermelha (Rhodophyta) de<br />
pequeno porte, com um talo em forma de leque, dividido dicotomicamente, cresce sobre as<br />
rochas do patamar médio-litoral. A sua cor pode variar desde um vermelho-púrpura iridescente<br />
até uma coloração esverdeada (que aparece no período estival e em zonas de menor<br />
profundidade), como adaptação cromática ao aumento da luminosidade (a intensidade da<br />
cor diminui inversamente). O <em>C. crispus</em> é uma espécie com distribuição no Atlântico oriental:<br />
é comum nas costas da Grã-Bretanha, Irlanda, Islândia e entre a Noruega e o sul de<br />
Espanha; possibilidade de existência em Marrocos e nas Ilhas de Cabo Verde (Pereira, observação<br />
pessoal). Atlântico ocidental: de Newfoundland (Canadá) a Delaware (USA). As<br />
populações mais luxuriantes que, por essa razão, são objeto duma exploração comercial<br />
intensiva, estendem-se pelas costas da Nova Escócia, pela ilha do Príncipe Eduardo, pelo<br />
Maine e Massachusetts, no que respeita ao Atlântico oeste; ao longo das costas francesas<br />
(de Cherbourg à ilha de Noirmoutier), da Espanha (costas da Galiza) e de Portugal, para o<br />
Atlântico Este. Juntamente com o Mastocarpus stellatus, que ocupa o mesmo habitat, é<br />
colhido no Norte de Portugal e na Galiza para fins industriais.</p><br />
<br />
<p class='mainText'>Fucus ou Bodelha (<em>Fucus vesiculosus</em> ( FIGURA 1H)) e <em>F. spiralis</em>) são algas castanhas<br />
(Ochrophyta, Phaeophyceae) e caracterizam-se pela presença de um talo dividido dicotomicamente,<br />
podendo atingir os 60 cm de comprimento e possuir lâminas com 1 a 2 cm de<br />
largura. De cor é castanho-escuro ou verde-oliváceo, de consistência coriácea fixando-se<br />
ao substrato por intermédio de um disco basal. As lâminas possuem uma nervura mediana<br />
proeminente, podendo apresentar vesículas aeríferas ou aerocistos (presentes no <em>F. vesiculosus</em>),<br />
que possibilitam a flutuação dos talos, quando imersos.</p><br />
<br />
<p class='mainText'>Agarófitas (<em>Gelidium corneum</em>, <em>Pterocladiella capillacea</em> e <em>Gracilaria gracilis</em>) - são várias<br />
as algas produtoras de agar. O <em>Gelidium corneum</em> (FIGURA 1I)) é uma alga vermelha<br />
(Rhodophyta), com um talo vermelho escuro, cartilaginoso, com dimensões até 35 cm e<br />
de consistência rígida. Esta alga forma densas populações no patamar infra-litoral da zona<br />
centro da costa portuguesa e no horizonte inferior do patamar médio-litoral da zona costeira<br />
entre Lisboa e o Algarve, e em ilhas açorianas, juntamente com uma outra agarófita de<br />
uso industrial, a Pterocladiella capillacea (FIGURA 1J)) (colhida sobretudo no arquipélago<br />
dos Açores).</p><br />
<br />
<br><br />
<center><br />
<figure class="image-medium"><br />
<img src="https://rce.casadasciencias.org/static/images/articles/2021-006-01.jpg"><br />
</figure><br />
<figcaption>FIGURA 1. Algas marinhas edíveis: A) <em>Himanthalia elongata</em>. B) <em>Undaria pinnatifida</em>. C) <em>Palmaria palmata</em>. D) <em>Laminaria<br />
ochroleuca</em>. E) <em>Saccharina latissima</em>. F) <em>Porphyra umbilicalis</em>. G) <em>Chondrus crispus</em>. H) <em>Fucus vesiculosus</em>. I) <em>Gelidium<br />
corneum</em>. J) <em>Pterocladiella capillacea</em>. K) <em>Gracilaria gracilis</em>.<br />
</figcaption><br />
</center><br />
<br><br />
<br />
<p class='mainText'>Esta última espécie apresenta um talo ereto, vermelho-escuro, cartilaginoso e muito<br />
ramificado, com 4 a 20 cm de comprimento e 2 mm de espessura, que se fixa ao substrato<br />
por intermédio de pequenos rizoides. Trata-se de uma espécie perene, tal como o <em>Gelidium<br />
corneum</em>, abundante na parte inferior do patamar médio-litoral e no patamar infra-litoral.<br />
A <em>Gracilaria gracilis</em> (FIGURA 1K)) é uma agarófita, de cor púrpura e com tonalidades esverdeadas,<br />
de consistência cartilaginosa e com um tamanho que pode atingir 50 a 60 cm de<br />
comprimento. Esta alga apresenta talos fixados ao substrato mediante um pequeno disco<br />
basal, cilíndricos e com cistocarpos proeminentes à superfície. A <em>G. gracilis</em> encontra-se<br />
em zonas protegidas e semi-expostas no patamar médio-litoral e infra-litoral. Necessita<br />
da presença de areia para se desenvolver e suporta bem mudanças de salinidade. Muito<br />
embora esta alga não seja colhida para fins industriais em Portugal, é extensivamente<br />
cultivada para extração de agar na Namíbia e na África do Sul.</p><br />
</html><br />
<br />
=Referências=<br />
<br />
# <html>PEREIRA, L. & CORREIA, F.,<br />
<em>Algas Marinhas da Costa Portuguesa - Ecologia</em>, Biodiversidade e Utilizações. Nota de<br />
Rodapé Editores, 341 pp. ISBN 978-989-20-5754-5. 2015.</html><br />
# <html>PEREIRA, L.,<br />
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(Littoral of Viana do Castelo). Viana do Castelo: Município de Viana do Castelo, 68 pp. ISBN: 978-972-588-218-4. 2010.</html><br />
# <html>PEREIRA, L.,<br />
<em>A Review of the Nutrient Composition of Selected Edible Seaweeds</em>, In Pomin VH (ed), Seaweed: Ecology,<br />
Nutrient Composition and Medicinal Uses. New York: Nova Science Publishers Inc., pp. 15-47. ISBN: 978-1-61470-920-6.<br />
2011.</html><br />
# <html>PEREIRA, L.,<br />
<em>Guia Ilustrado das Macroalgas - Conhecer e Reconhecer Algumas Espécies da Flora Portuguesa</em>, Coimbra:<br />
Imprensa da Universidade de Coimbra, 90 pp. ISBN 978-989-26-0002-4. 2009.</html><br />
# <html>GASPAR, R. <em>et al.</em>,<br />
<em>Guia Ilustrado das Macroalgas da Baía de Buarcos, Figueira da Foz, Portugal / Illustrated Guide to the Macroalgae of Buarcos Bay, Figueira da Foz, Portugal (Bilingual)</em>, Coimbra: MARE UC, DCV, FCT, 128 pp. DOI: 10.13140/<br />
RG.2.2.31009.56165. 2020.</html><br />
# <html>SAÁ, C.F.,<br />
<em>Algas do Atlântico, Alimento e Saúde. Propriedades, Receitas e Descrição</em>, Pontevedra: Algamar, Redondela,<br />
272 pp. ISBN 84-697-7819-3. 2002.</html><br />
# <html>LAXE-MUROS, C.,<br />
<em>Prospeccion, Analisis y Cartografia de Macroalgas y Erizo de Mar en el Litoral de Galicia</em>, Xunta de<br />
Galacia: Consellheiria de Pesca, Direccion Xeral de Pesca, Marisqueo e Acuacultura, 110 pp. 1990.</html><br />
# <html>PEREIRA, L.,<br />
<em>Estudos em Macroalgas Carragenófitas (Gigartinales, Rhodophyceae) da Costa Portuguesa: Aspectos Ecológicos, Bioquímicos e Citológicos (Tese de Doutoramento)</em>, Estudo Geral: Universidade de Coimbra, Coimbra, 293 pp.<br />
Revista</html><br />
<br />
---- <br>Criada em 17 de Janeiro de 2021<br> Revista em 18 de Janeiro de 2021<br> Aceite pelo editor em 15 de Março de 2021<br><br />
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